Os Grandes Problemas da Humanidade Atual

Lyoji Okada

Os gravíssimos problemas sociais que envolvem a população de todo o mundo precisam ser resolvidos. Mas, a verdade é que algumas pessoas são tão absurdamente ricas que acreditam que essa situação lhes confere o direito de fazer tudo aquilo que quiserem. Julgam-se acima do bem e do mal. Como se diz frequentemente: quem tem dinheiro pode ser capaz de qualquer coisa. Tanto do que é lícito como do que é ilícito. Com a força do dinheiro, elegem-se deputados, senadores, nomeiam-se ministros, elegem-se presidentes, consegue-se o que for preciso, até leis que os protejam. Redes de televisão, rádios, editoras de jornais e revistas são comprados e, com esses meios, transforma-se a opinião do povo. Se hoje pensamos de determinada forma, amanhã tudo pode mudar, graças ao trabalho da mídia e da publicidade. O dinheiro é a mola de tudo. Com ele, criam-se igrejas, ideologias… Enfim, fazem de tudo para aparentar que todo o sistema está sob controle.

Contudo, existe um fator, que ocorre a qualquer um de nós quando ficamos temerosos de um risco que, de modo inconsciente, vislumbramos: o nosso instinto promove uma reação, fazendo com que essa situação nos pareça maior do que realmente o é. Eis aqui o grande segredo dos problemas que temos no mundo atualmente: esse medo, que não nos deixa ver as coisas claramente, torna-nos violentos e iniciamos um grande contra-ataque àqueles males, buscando superá-los.

Assim, têm sido desencadeados, do século vinte até os dias de hoje, os grandes dramas mundiais, com a matança de mais de cem milhões de seres humanos. A cada ano, são gastos mais de um trilhão de dólares norte-americanos na compra de armas e inúmeras guerras são provocadas, sem que saibamos bem o por quê.

Guerras, fome, violência, falta de acesso à educação, desemprego, corrupção, fanatismo religioso… A partir de um amplo panorama, o autor promove uma reflexão sobre as principais tragédias que a sociedade contemporânea enfrenta, mostrando como esses problemas foram causados pelos próprios seres humanos, seja por ignorância, seja por interesse.

“Deus fez o ser humano para que este o encontre através de uma verdadeira evolução consciente. E encontrar a Deus é compreender sua criação, compreendê-la por intermédio de todas as coisas que tomam contato com a consciência. É, também, colaborar na grande tarefa de ajuda mútua, a fim de que cada um ache seus fragmentos perdidos pelo mundo, aqueles que faltam à figura humana para chegar a ser completa, ou seja, semelhante à imagem do criador”. ICL – 192/5

(C.B.Gonzalez Pecotche)

 

PREFÁCIO

Há quem sustenta que o que move o mundo não são as respostas, são as perguntas. Concordo que uma pergunta inteligente estimula a capacidade do ser humano pensar. Mas eu prefiro dizer que o que move o mundo são as respostas que são transformadas em ações práticas. Por quê? Porque essas respostas são alavancas para novas perguntas de maior hierarquia. O que haverá de mover o mundo é a nossa inteligência, elevada à sua dimensão consciente. É ela que produz a evolução, que é o bem maior que toda criatura humana deve aspirar.

As páginas deste livro sustentam respostas corajosas acerca das questões sociais, do funcionamento das grandes corporações e de alguns segredos das atitudes humanas. Lyoji Okada – com sua notável experiência de vida – mostra que é essencial às vezes dar aquela parada e se perguntar se a vida que estamos vivendo está valendo a pena, ou se ela precisa ser repensada e mais bem compreendida. Recapitulando passagens históricas que marcaram o mundo contemporâneo, fala com valentia e surpreendente simplicidade acerca de algumas causas dos grandes problemas da humanidade.

Os escritores eternizam a breve luz da inspiração, transformando-a num sol brilhante que jamais se põe. Nasce assim os livros, que são criados para que outros seres se beneficiem com o que os olhos do escritor puderam enxergar.

Um livro não se resume num conjunto de folhas escritas, que são encadernadas e postas em circulação. É mais do que isso, ele tem vida. Assim como o músico dá valor a cada nota musical que combina, cada palavra tem um valor especial numa obra literária.

E o livro chega até você. Todos os leitores são coautores dos livros que lêem. A palavra escrita pode não passar de um corpo sem vida, por maior que seja a sabedoria e o amor que o autor nela concentrou. É no momento que o leitor abre suas páginas que o livro respira, e quando as entende que o livro se completa. É nesse mágico instante que o corpo das palavras recebe o sopro vital, que só a alma do leitor pode oferecer.

O livro nasce no instante que é lido e entendido. Cada leitor empresta uma parte de sua vida e de sua inteligência ao livro que lê, porque o tempo é a essência da vida; em cada minuto que consagramos a alguém ou a alguma coisa estamos infundindo parte da nossa vida.

O autor é o útero que principia a obra, o leitor é o obstetra que a faz emergir para a luz da vida.

Ao mesmo tempo que o autor ensina com seus livros, deve encanta-se diante de suas páginas, com a humildade do aprendiz na busca do infinito saber.

Nesta obra – Os Grandes Problemas da Humanidade Atual – o autor trata de questões essenciais para o futuro da vida humana.

O respeito – sinal de ética – que tenho pelo semelhante não é maior do que o respeito que sou capaz de cultivar por mim próprio. A ética é a expressão dos nossos pensamentos e sentimentos superiores. Este livro fala também da ética, tão necessária ao mundo. Confunde-se ética, que é resultado dos valores cristalizados na nossa conduta, com os costumes e hábitos que variam de acordo com a época e a cultura de um povo. Mas a ética não é uma ótica. A ética inspirada nas Leis Universais não varia e deve chegar a estar presente em todos os povos e culturas. A ética não é decorrente só de regras de educação social, senão do elevado cultivo das nossas condições espirituais.

O Sol – que simboliza a luz do saber – prioriza quem alto vive. Os cumes das montanhas que mais se elevam na paisagem continuam recebendo a luz do Astro Rei quando inicia o crepúsculo. A mente humana também deve ser elevada à aspiração máxima do saber, para se colocar ao alcance dos raios da Sabedoria Universal. A claridade não visita as profundezas da caverna, mas sempre espera quem caminha ao encontro da luz.

Não somos um satélite condenado a orbitar o mundo físico, somos uma nave espiritual destinada a rumar livremente ao infinito.

Jarbas Mattos

Jarbas é autor de alguns livros, dentre eles: O Sentido da Vida no Mundo em Crise (Ed. Record) e Reflexões Essenciais para Entender e Dirigir a Vida (Ed. Vozes), também publicado pela Editora Mexicana Palabra Ediciones e distribuído em todos os países de fala espanhola, inclusive EUA. Escreveu também o livro: A Inteligência Espiritual – Na Profissão e na Vida.

Sumário

Preliminarmente, 11

1. Deus criou livre o ser humano, mostrando-lhe os ditames das leis universais, 17

  • O homem teria de ser consciente para evoluir e aproximar-se de deus. Porém, equivocou-se profundamente na escolha do seu caminho, 23

2. O poder das crenças, 31

  • O homem acredita, equivocadamente, que as crenças querem o bem, 34
  • A faculdade de imaginar e a faculdade de pensar, 41

3. O instinto do homem, 49

  • A grande diferença que existe entre um homem verdadeiro e o que se rege pelo seu instinto, 49
    • Nos animais irracionais quem ordena é o instinto, que vem programado; nos seres humanos o instinto não vem programado, 54
    • Nos fanáticos, terroristas ou, como se diria, nos radicais, quem manda não é o ser humano, mas sim o seu instinto, de forma que não vê, não pensa, não sente, mas atua violentamente quando um risco se apresenta, 57
      • A força indômita do instinto humano, 61
      • Um grande problema é o radicalismo do ser humano, que desorienta o ser e chama o instinto para proteger-nos, 63

4. Atos radicais provocados pelas “forças ocultas”, 69

  • Estados Unidos e a guerra no Vietnã, 69
  • Tudo é altamente confidencial, mas vende-se mais de um trilhão de dólares norte-americanos, a cada ano, em equipamentos destinados às guerras, 76
  • Seis milhões de judeus, 78
  • Diálogos sobre a matança dos judeus, 81
  • Diálogos sobre o lançamento das bombas atômicas, 91
·        Duas bombas atômicas, 83

5. Tantos outros problemas provocados pelas grandes crenças, 95

  • A falta de política de planejamento familiar cria, cada vez mais, novos criminosos porque os seres não têm possibilidade de possuir uma educação adequada, por falta de recursos, 98
  • Temos hoje mais de 15 milhões de seres que não puderam estudar; brevemente teremos cerca de 50 milhões, 101
    • Os causadores desse problema são as grandes crenças, 104

6. A estatização e a privatização, 113

  • Os problemas das empresas privadas, 116
  • As empresas estatais em muitos países, 122
    • A ”politização” das empresas estatais, 128
    • “Privatização: a verdade dos números”, 137

7. Questões que se transformam em guerra, 141

8. Nem sempre os que provocam as guerras são vilões, 151

  • Eles são, teoricamente, seres normais!, 153
  • Há que vender os equipamentos, não importa como!, 155
  • Contratam-se estrategistas…, 158

9. A Grande Verdade, 165

  • Deus criou livre o ser humano, mostrando os ditames das leis universais – Reino Hominal, 165
  • O poder das crenças, 169
  • O instinto humano, 173
  • Atos radicais provocados pelas “forças ocultas”, 176
  • Tantos outros problemas provocados pelas grandes crenças – falta de planejamento familiar, 180
  • Estatização e privatização, 183
  • Nem sempre os que provocam as guerras são vilões, 191

10. Cabe ao homem, o causador, a correção dos grandes problemas da humanidade atual, 197

  • Referência Bibliográfica, 206

PRELIMINARMENTE…

Muitos dos grandes problemas que o mundo de hoje apresenta, apesar das eventuais contradições, foram causados pelos próprios seres humanos, por ignorância ou por interesse.

Pensamos que Deus, ao criar o ser humano o fez com condições especiais, planejando que o homem evoluísse de forma consciente e para que pudesse conhecer toda a sua extensa sabedoria expressa no universo. Dessa forma, poderia admirar intensamente seu Criador e amar-lhe profundamente, aproximando-se Dele.

Efetivamente, o homem poderia fazer tudo o que quisesse, pois tinha plena capacidade para isso, dispondo de condições excepcionais.

Em outras palavras, o ser humano foi criado livre. Mas sempre estaria sujeito às determinações das leis universais. Nesse pequeno detalhe, o Criador não interviria, deixando ao próprio homem a escolha do seu futuro. Todavia, em tudo o mais, Deus atuaria poderosamente.

Melhor dizendo, o homem sempre se veria frente a duas alternativas: lutar e tentar evoluir de forma consciente ou parar e regredir nessa caminhada ‑ o fazendo, geralmente, de forma inconsciente.

Porém, ao que tudo indica, o homem tem escolhido o caminho das grandes crenças, ou seja, equivocadamente optado pelo caminho da sua prerrogativa humana, do direito de errar, outorgado pelo Criador.

É preciso entender por que as chamadas grandes crenças são perigosíssimas. O homem se tornou um escravo dos profetas, dos patriarcas e de todos aqueles que se incumbiram desse propósito, ao divulgarem doutrinas que deixam as pessoas cada vez mais inseguras e desorientadas.

E, como todos sabem, nessas situações, o instinto humano, diferentemente daquele dos animais irracionais, torna o homem cego e, mais do que isso, altamente violento. Enfim, transforma-o, efetivamente, em um verdadeiro monstro.

Dizer que as chamadas grandes crenças promovem tantos problemas em todo o mundo pouco significará para a humanidade, pois nunca houve uma consciência a esse respeito.

Depois, ao perguntar se poderemos resolver os problemas que a humanidade ora possui, deveríamos responder afirmativamente, embora se advirta que não será um trabalho fácil, pois teríamos de mudar a mente comum, geralmente de natureza instintiva, para uma mente superior, consciente, de natureza espiritual. Teríamos de mudar, efetivamente, toda a nossa visão da vida.

Quando isso se concretizar, o mundo será outro, de outra natureza, plenamente consciente, onde a convivência será muito melhor em vários aspectos, onde o egoísmo e tantas outras deficiências não aparecerão.

Em suma, os grandes problemas que hoje afetam o mundo tenderiam a ser resolvidos em caráter definitivo. E esse outro mundo seria de natureza permanente.

Cabe destacar que vários desses aspectos maravilhosos foram convicções que formei por conta própria, com o auxílio de tantos outros seres, embora muitos deles tivessem origem nos ensinamentos outorgados por Carlos Bernardo Gonzalez Pecotche, criador da ciência logosófica e falecido em abril de 1963. Pecotche nos ensinou não apenas a saber, mas a conhecer, por conta própria, de forma experimental, de acordo com as regras científicas.

Gostaria de agradecer a todos os que me ajudaram a compreender os tantos mistérios que existem no universo atual e pedir profundas escusas aos que se sentirem lesados, de alguma forma, pelo que escrevo neste livro.

Lyoji Okada

I

DEUS CRIOU LIVRE O SER HUMANO, MOSTRANDO-LHE OS DITAMES DAS LEIS UNIVERSAIS.

Entendo que Deus, ao criar o ser humano, o fez livre, para escolher os seus passos. Em outras palavras, estou tentando demonstrar que o homem foi dotado de todas as condições para fazer o bem à sua escolha, inclusive para, estranhamente, escolher o lado equivocado. Na verdade, Deus deixou o ser humano à mercê dos ditames das leis universais. Porém, o homem enganou-se profundamente, causando sérios problemas para o mundo atual.

Minha ideia básica seria de explicar o propósito de Deus ao criar o homem. Conjeturo que inicialmente havia criado os animais irracionais e concluído que de nada adiantava criar outros seres da mesma espécie, pois o amor daquelas criaturas não teria o valor esperado, eis que, em tese, todos eles atuavam de acordo com sua vontade estabelecida pelo Criador, pois teriam pouca liberdade.

E isso não interessava a Ele, a Deus, pois era, por assim dizer, como algo programado pelo mesmo. Deus não teria dessas criaturas aquele elevado sentimento que esperava, livre e espontâneo, próprio do verdadeiro amor.

Cabe destacar que, somente nesse pequeno detalhe, o homem se tornava plenamente livre, pois quanto à toda a parte restante o Criador supervisionaria da forma mais completa possível.

Por isso, quando resolveu criar o ser humano, decidiu que esse teria de ser livre, para escolher, por sua vontade, aquilo que seria autêntico, verdadeiro, porém, profundamente agradável, como também livre para fazer aquilo que fosse negativo, que não lhe exigisse esforços e que lhe parecesse bom e fácil de executar. Queria que o homem utilizasse toda a sua capacidade de analisar as coisas, comprovasse-as com sua consciência, para determinar as que seriam verdadeiras. Que quando atuasse de forma maléfica, arcasse com os ônus, que apareceriam como resultado da aplicação das leis universais. Enfim, deu ao homem toda a liberdade para dirigir o seu futuro, independentemente dos resultados que adviriam.

Melhor dizendo, uma coisa é aquilo que um aluno entende na escola de forma teórica, pois representam ensinamentos que temos de aprender. Isto é essencial. Porém, pelo fato de termos tais ensinamentos, que se encontram em milhões de livros, que pertencem aos professores ou aos grandes mestres, não significa que saibamos aplicá-los adequadamente, pois isso, em outras palavras, representa convertê-los em nossos conhecimentos, à medida que formos tentando, com sua aplicação prática, experimental, assimilá-los de forma consciente.

Digamos, por exemplo, que não sei dirigir um carro. Gostaria de aprendê-lo. Vou a uma livraria e compro três livros que me ensinam a dirigir e estudo com afinco. Depois de algum tempo, poderia fazer uma prova em qualquer escola, que passaria nos exames teóricos.

Porém, se alguém me perguntar se efetivamente sei mesmo dirigir um carro, de forma prática, terei de ponderar antes de responder. De um lado, acredito que sim, mas não tenho certeza a respeito. Contudo, apanho um carro qualquer, sento no lugar do motorista e, ao ver a chave na ignição e tentar ligá-lo, recordo que o veículo precisa ficar com o câmbio solto e freado. Faço isso e consigo ligar o automóvel. Agora, percebo que tenho de manter o motor funcionando, mandando certa quantidade de combustível, o que já é complexo de realizar. Além disso, tenho de pisar na embreagem, colocar o câmbio na primeira marcha, ver aquela rua cheia de carros, indo e vindo, em alta velocidade.

Será a primeira sensação de assombro. De repente, tomo consciência de que deveria saber tudo sobre como dirigir aquele automóvel, mas que, experimentalmente, sou um aprendiz, e que se eu prosseguir é bem provável que bata o carro ou que provoque uma colisão com outros veículos. Subitamente, compreendo que não sei efetivamente dirigir um simples automóvel, apesar da minha sabedoria teórica.

Como poderei dirigir sem ter o controle daquela direção? Como me afastar dos carros que querem ultrapassar? Ou reagir diante dos carros que aparecem pela frente? Como dar marcha à ré? Efetivamente, o que fazer em mil situações que poderão surgir?

Em poucas palavras, isso será uma prova inalienável de que por mais que eu saiba na teoria, nada saberei na prática sobre dirigir um carro. Para aprender experimentalmente, precisarei da ajuda de um instrutor que me ensine a fazê-lo na prática.

Uma coisa são os ensinamentos que o professor ou os livros podem nos ensinar ‑ são as lições da vida – que nada têm a ver com nossos conhecimentos. O grande problema está em aprender de forma integral, consciente, experimentalmente. Na maioria das vezes, aprendemos apenas uma parte. Mas erraremos redondamente se acreditarmos que saberemos aplicá-los, uma vez que são ensinamentos teóricos.

É imprescindível colocar o nosso entendimento à nossa frente e tentar aplicá-lo pessoalmente. Se conseguirmos fazê-lo com destreza, poderemos garantir que converteremos os ensinamentos daquele professor ou os que estão contidos nos livros em conhecimentos nossos. Por isso, compreendo que nunca esqueceremos o verdadeiro conhecimento que se tornou parte da nossa vida, porque foi fruto do nosso esforço pessoal.

O homem só pode ser consciente se for dotado de muitos conhecimentos e não de muitos ensinamentos dos outros. Com o tempo, poderei vir a ser um bom motorista ou um excelente profissional.

O HOMEM TERIA DE SER CONSCIENTE PARA EVOLUIR E APROXIMAR-SE DE DEUS. PORÉM, EQUIVOCOU-SE PROFUNDAMENTE NA ESCOLHA DO SEU CAMINHO

Quando Deus criou o homem, o fez com uma grande missão: queria que ele lutasse com suas próprias forças para descobrir, de forma consciente, toda a verdade representada na criação. Melhor dizendo, deu-lhe condição de entender, de compreender e, mais que isso, de experimentar o que fosse possível, outorgando-lhe toda a liberdade para avaliar e escolher aquilo que concluísse ser o verdadeiro. Dessa forma, dotou-o com todas as faculdades mentais, sensíveis e instintivas, com uma mente poderosa e uma inteligência admirável, além de uma sensibilidade capaz, inclusive com uma consciência brilhante e de um espírito fundamental, que iria preservar sua herança verdadeira, que pudesse criar, a partir de sua vontade, a sua existência.

O homem teria de lutar muito e chegar, gradativamente, à proximidade do Criador e, melhor que isso, a manifestar de alguma forma toda a sua admiração à grande sabedoria do mesmo. Como resultado, passaria a amar-lhe com toda a integridade, com total pureza no seu sentir.

Por isso, se escolhesse bem o seu caminho, lutaria muito, tornar-se-ia consciente, porém avançaria em sua evolução, aproximar-se-ia do Criador. Demonstrou-se que o homem pode, usando das condições que lhe foram atribuídas por Deus, a usar e controlar o fogo, a fundir os metais, a aproveitar os ventos, a plantar e a produzir os alimentos, a andar, a conduzir-se não apenas a cavalo, mas, também, a construir carros, aviões os mais sofisticados, foguetes que podem nos levar para outros corpos celestes, a criar remédios, a realizar cirurgias médicas cada vez mais complexas, promover transplantes importantes, a curar doentes gravíssimos, a escrever, a ler, a desenhar, a imprimir livros, a criar bibliotecas, a elaborar planos cada vez mais complexos, a ir ao nosso passado, como também ao nosso futuro, ao fundo do mar ou a qualquer astro cósmico, a ir, enfim, a qualquer lugar, possível ou aparentemente impossível; enfrentar qualquer tipo de animal, por mais selvagem que seja, a criar aparelhos cada vez mais sofisticados, inclusive microcomputadores, a gravar grandes quantidades de informações em aparelhos quase invisíveis, fibra ótica, DNA, a transmitir ideias, a conversar com todos os seres do mundo inteiro, a descobrir que tinha capacidade para fazer tudo aquilo que pensava e sentia. Enfim, teria de lutar tenazmente para preservar o meio ambiente, em todos os sentidos, para proteger as plantas, acabar com os desertos, fazer com que a água potável seja preservada e colocada ao alcance de todos, que os produtos problemáticos sejam rigorosamente controlados para evitar seus consequentes danos. Inclusive, importantíssimo é saber que ele, o homem, poderá evoluir, de forma gradual, para fazer evoluir o seu espírito e chegar, gradualmente, às proximidades de Deus, conhecendo todos os mistérios que existem no universo presente.

Todavia, muitos escolheram o caminho equivocado para a sua evolução, escolhendo o lado fácil, aquele que simplificava suas lutas, o que surgia sem dificuldade, que se apresentava como mais conveniente. Caberá ao homem, de alguma forma, corrigir os tantos casos de corrupção, os terríveis desvios de dinheiro público, os tráficos de influência e, sobretudo, o enriquecimento ilícito. Em outras palavras, o grande mal que dá origem a esses problemas está justamente na liberdade que Deus outorgou ao ser humano para escolher o seu futuro. Ou, melhor dizendo, a provocação das guerras com intenções econômico-financeiras, dando-se aparência de verdades normais; as muitas decisões que distorcem os verdadeiros rumos das coisas, o exacerbado controle de produtos desde os mais vitais para o mundo atual, como o das bombas atômicas, dos venenos ou dos micróbios fortemente mortais, dos minerais, como o petróleo ou de fórmulas alternativas de energia, o de tantos alimentos essenciais, e a existência de outros interesses, como o de deixar que tantos seres morram de fome e, sobretudo, remédios para várias doenças de natureza terminal ou de educação adequada para os que necessitam.

Segundo meu entendimento, aqui está a origem do grande mal que passou a atingir todos os seres humanos. De um lado, porque o homem tinha, desde o seu nascimento, direito a essa livre escolha e, por outro, porque se deixou levar pelas ideias impostas, de forma constante, pelos reis e grandes chefes de outrora, no desenrolar da nossa longa história, a partir das chamadas grandes crenças, muitas delas com aparência benéfica, alimentando falsamente sua ilusão de um mundo muito melhor, em todos os sentidos. Em outras palavras, promoveu, de modo violento, as manifestações instintivas, provocando problemas, gerando grandes questões ou tantas guerras, por uma variedade de razões, boa parte delas sem qualquer sentido.

Por exemplo, se apanharmos um rapaz de uns 15 anos de idade, que está para decidir o seu futuro, encontra-se ele frente a duas opções em sua vida: a de lutar para tentar ser a cada dia mais consciente e esforçar-se para estudar, o que lhe será bastante custoso e altamente cansativo, por ter de competir com seus colegas, para vir a ser um autêntico vencedor das lutas que tiver assumido; ou a de não fazer nada daquilo que sua consciência está lhe sugerindo, de acordo com as predisposições negativas que tiver apresentado. No entanto, depois que se passarem os anos, quando ele tiver se transformado em um homem, com seus 25 anos de idade, ver-se-á colocado frente a dois resultados: se ele tentou ser consciente, se estudou, será um advogado, um médico ou quem sabe um economista ou um bom profissional, não importa a área escolhida; ele conseguirá, ao que tudo indica, um bom emprego com salário bastante elevado. Porém, se ele foi inconsciente, se não estudou, muito provavelmente será um operário pouco qualificado, talvez tenha dificuldade em ingressar no mercado de trabalho e as vagas que encontre ofereçam salários muito baixos. Isso será a própria herança do que realizou no seu passado; é a consequência criada pelas leis universais.

Porém, temos de saber que um homem bem formado numa boa universidade poderá dirigir uma grande indústria e tudo funcionará como se espera. Quanto aos seres ignorantes, poderemos juntar dez mil deles, mesmo que façam muitas greves e reivindiquem, eles pouco poderão produzir. Não estamos lamentando nada, apenas relatando um fato real, decorrente da ausência de educação. O que ocorre no mundo inteiro.

Vale ressaltar, mais uma vez, que todos os problemas existentes no mundo atual se devem aos seres humanos. Caberá a eles tomar consciência a respeito e corrigirem os rumos tomados anteriormente. Sem dúvida, os homens que causaram tais problemas possuem todos os recursos para se corrigirem adequadamente.

II

O PODER DAS CRENÇAS

Cabe bem aquele relato ocorrido no passado, quando, no Brasil, um bandeirante quis saber de onde os índios extraíam o ouro que utilizavam. Tentou de todas as formas saber, mas eles não concordaram em mostrar-lhe o local das minas. A partir disso, o bandeirante pensou a respeito e resolveu utilizar um segredo que os índios desconheciam. Colocou um pouco de álcool num prato, fazendo parecer água, e ateou fogo nele. E, ao acender, mostrou para eles, índios, que os bandeirantes poderiam colocar fogo em toda a água existente. Em face de tamanha “magia” daquele bandeirante, os índios revelaram onde se encontravam as minas daquele ouro.

Em outras palavras, os índios foram enganados e pensaram que os bandeirantes poderiam pôr fogo na água, quando, na verdade, era efetivamente sobre o álcool. Para os índios, parecia ser uma grande verdade. Pois bem, de alguma forma, aquilo que funcionou com os índios naquele passado do Brasil continua dando os seus efeitos para com os homens crentes nos dias de hoje.

Por absurdo que possa parecer, os seres humanos do mundo de hoje são aqueles índios do nosso passado, que foram enganados com relação ao fogo naquela suposta água.

Muitas vezes, pergunto-me sobre o futuro, tendo-se em vista o dramático mundo de hoje, tão cheio de grandes crenças. Cabe esclarecer, inicialmente, que as grandes crenças, ou seja, todo tipo de crenças, quer religiosas, terroristas ou de radicalismo mental foram geradas pelo homem com base no grande equívoco da escolha do seu caminho, por força da faculdade dada por Deus, quanto à liberdade que lhe foi outorgada.

O grande problema que temos no mundo atual é confundir de um lado as grandes crenças, criadas pelos seres humanos e sujeitas a mil equívocos, e de outro lado tudo aquilo que teriam sido as palavras de Deus, baseadas nas regras da própria natureza. Como tentei explicar inicialmente, todos os seres podiam escolher livremente os passos do seu futuro. Porém, decidiram pelo caminho mais fácil, o mais simples, o menos trabalhoso. Não quiseram lutar, para escolher o verdadeiro caminho do bem.

Igualmente, todos sabem que as grandes crenças, apesar de embutidas de objetivos superiores, não deixam os seres humanos pensar, não os deixam livres para analisar os fatos, não deixam comprovar nada, enfim, não os deixam evoluir, como é esperado. Em outras palavras, quer que todos pensem de determinada forma e que se prendam a regras estabelecidas no passado.

Diante disso, o mundo, em grande parte, está sujeito às crenças e, como consequência, aos dramas da tremenda desorientação humana. Isto porque, a maioria absoluta da humanidade, embora quisesse que seu entendimento estivesse correto, não tem certeza de nada, gerando, como se sabe, uma terrível insegurança a seu próprio respeito. Acredita naquilo que lhe foi pregado no passado. Melhor dizendo, não sente obrigatoriedade em comprovar nada, por mais absurdo que isso represente. Nenhuma das regras que aprendeu na parte científica é aplicada quando se refere às grandes crenças. Tudo aquilo que se denominou de pensamento autêntico, como prova indefectível da verdade que representa, como foram as grandes lições que o Criador nos deu, nunca teria existido.

O HOMEM ACREDITA, EQUIVOCADAMENTE, QUE AS CRENÇAS QUEREM O BEM.

No entanto, é também verdade que, por alguma razão, a grande maioria continuou crendo em tudo aquilo que lhe pregaram, por tanto tempo, porque era a única coisa que lhe parecia ser positiva, ao longo da nossa história.

Destarte, o aspecto estranho é ver muitos cientistas, que sempre exigem provas e mais provas, de forma incontestável, para admitir o acerto das suas descobertas científicas, acreditarem nas afirmações absurdas pregadas pelas grandes crenças. Contudo, sabemos que nada se fará para mudar esse estado lastimável de coisas.

Se perguntar por que isso estaria ocorrendo, uma das razões da maioria, não só de cientistas, mas de todos nós, é em virtude do temor enorme de afrontarem as regras religiosas, por receio de sermos punidos por Deus, como nos tem sido impingido por séculos. Porque tudo isso foi o resultado desastroso do que se denominou de eventual “verdade histórica”.

A discussão sobre a verdade ou a mentira das grandes crenças sempre houve, mas nunca coube à maioria dos seres humanos formar uma convicção de que tudo aquilo era um grande equívoco. Como citado no capítulo inicial deste livro, no exemplo do garoto que pode escolher o seu futuro, entre lutar muito e esforçar-se, para angariar um conhecimento autêntico, ou de não fazer nada e esperar que o lado bom surja, o que seria um tremendo equívoco. Essa escolha pode resumir, em poucas palavras, o drama de grande parte da humanidade, que dá origem a tantos problemas, aparentemente insolúveis.

Encontramos assim, no mundo atual, grande parte da humanidade acreditando naquilo que as igrejas pregam. Representam, na verdade, vários bilhões de seres humanos que estão, por assim dizer, escravizados, de forma dramática, pelas leis das grandes crenças.

Frente a qualquer nova orientação do papa, todos correm intensamente para ver do que se trata e para ver como se encaixam, de alguma forma. E o resultado é lamentável, pois ninguém se preocupa em saber quantos males aquilo pode representar para o mundo atual.

Tenho observado que as crenças interrompem a capacidade de se pensar. Ou melhor, tolhem o funcionamento das faculdades mentais e sensíveis dadas pelo Criador a todo ser humano para realizar as comprovações daquilo que precisam saber. Efetivamente, por ignorância ou inconsciência, o ser humano está se negando a utilizá-las.

Mais do que conhecer, para esclarecer tudo, o ser humano prefere crer, para aceitar tudo, sem qualquer comprovação. Este é o drama dos seres humanos: preferem não lutar para conhecer e aceitar o que se prega, de uma forma tola, independentemente dos resultados, por mais falsos que possam ser.

Apenas para configurar, acredito que Deus deve ficar triste, ao ver tantos seres que gostariam de conhecê-lo, mas que não se aproximam em razão de suas fortes crenças e porque se acham perdidos pelo mundo.

Por isso, concordo plenamente com aquela afirmação que diz que só aquele que procura Deus, utilizando suas faculdades mentais e sensíveis, fazendo uso da consciência e do seu espírito, o encontrará. Aqueles que creem ou fazem aquilo que lhes pregaram estão totalmente equivocados, pois nem mesmo sabem onde se encontram, permanecendo cada vez mais distantes de Deus.

Na verdade, todos os crentes fazem, muitas vezes, coisas que qualquer ser sensato nunca ousaria. Ingressam em lugares realmente perigosos, porque a crença lhes dará a segurança que eles não têm. Fazem milhares de coisas nesse sentido. E, sempre que der certo, dirão ao mundo inteiro que foi tudo por força da sua poderosa crença.

Relatando um episódio que ocorria no passado entre os povos que viviam na América, durante disputas esportivas realizadas de tempos em tempos, como em grandes olimpíadas, nas quais o seu vencedor principal, depois de muito lutar e conquistar suas vitórias, era festejado, mas logo em seguida, estranhamente, tinha de ser sacrificado, para morrer em homenagem aos deuses. Da mesma forma, quando a natureza se tornava por demais exigente, causando terremotos, furacões ou tantos outros gravíssimos problemas, muitos seres humanos pegavam suas moças mais bonitas e as ofereciam aos deuses, matando-as. Horripilantes homenagens!

Em alguns países, muitos ódios são cultivados de forma intermitente. Na Palestina, o sentimento contra os israelenses é disseminado desde que as crianças nascem, porque esses teriam invadido as terras palestinas com a aprovação da ONU, não obstante várias explicações existirem a respeito. Muitos dos palestinos acabam se tornando terroristas para atacar os israelenses, colocando bombas em seus próprios corpos, certos de que com a sua morte irão ocupar um lugar especial no paraíso. Tudo isso foi o resultado da falta de armas mais poderosas nas mãos dos palestinos. Quanto aos israelenses, fica a dúvida cruel sobre como poderão se defender desses terroristas, que, com objetivos altamente destrutivos, realizam ataques suicidas.

Os efeitos das grandes crenças no mundo de hoje são terríveis, chegando ao ponto de impedir a evolução de vários países, porque, segundo os crentes, conservar costumes antiquados da vida é considerado um grande bem. Nada do que a civilização pode criar de novo é aproveitado; melhor dizendo, tudo se volta para o lado obscuro das grandes crenças. No mundo inteiro ainda existem países em que a grande verdade está baseada num conceito de vida arcaico.

As negociações diplomáticas que ocorrem atualmente não têm qualquer guarida, já que não encontram respaldo, porque as mentes dos próprios diplomatas estão truncadas, uma vez que obedecem a uma série de regras rígidas, em meio às grandes crenças e a tantas ideologias. É impossível que alguma luz se faça em meio a tanta crendice. Ninguém consegue enxergar uma fórmula para resolver os atuais problemas que existem na face da terra.

É profundamente lamentável que o ser humano tenha de acreditar naquilo que lhe foi pregado, para viver na escuridão de suas vidas, quando possuía todas as condições para evoluir de forma ampla e generosa, vivendo uma vida mais feliz, com o verdadeiro conhecimento, feito como o Criador sempre ensinou.

A força das grandes crenças, sobretudo dos enormes preconceitos e das terríveis instigações instintivas tornaram a humanidade cada vez mais perturbada, provando que tais elementos negativos continuam vigorando com igual tenacidade.

A FACULDADE DE IMAGINAR E A FACULDADE DE PENSAR

Como todos sabem, temos duas visões do mundo atual: a faculdade de imaginar, que todos nós possuímos, e que movimenta as imagens, de acordo com a nossa vontade. No entanto, tudo aquilo que imaginamos nada tem de real, de palpável, de garantido, são apenas imagensem movimento. Apartir de nossa imaginação, criamos, na verdade, um mundo falso, ilusório, irreal. Conforme afirmação de C.B. Gonzalez Pecotche, a imaginação raramente se conecta à consciência. Assim, todo aquele que imagina e não consegue transformar sua imaginação em algo real, em algo concreto, em algo palpável, equivoca-se redondamente. Por isso, geralmente, aquele que imagina as coisas acaba errando de forma cruel. De outro lado, temos aquilo em que pensamos, em que tudo se concretiza, torna-se real, em algo palpável. É claro que podemos errar pensando, porque cometer erros é próprio dos seres humanos, principalmente quando utilizamos nossa mente comum ou inferior.

Não obstante, sinto que todos precisam urgentemente saber distinguir aquilo que imaginam, como algo ilusório, daquilo que pensam, e que faz parte do mundo real. Segundo entendo, todos os crentes vivem no abstrato mundo da imaginação, onde ele “imagina” que tudo funciona às mil maravilhas, embora falsamente. Se não fizermos essa distinção, continuaremos como nos encontramos nos dias atuais. Foi dessa forma que se iniciaram os grandes problemas da humanidade atual.

Em outras palavras, existe a chamada lei universal do movimento, a qual especifica que todos os seres humanos devem rever constantemente suas atuações. Tudo no mundo de hoje tem de ser reformulado de forma constante. Por exemplo, as leis ou as constituições dos países têm de ser refeitas de temposem tempos. Sepermanecerem estáticas, não poderão vir a serem aplicadas, porque, apesar de representarem dispositivos legais, gerarão injustiças. Interessante é observar que essas tais leis e constituições foram elaboradas por homens considerados os mais capazes em cada país, seguindo sistemas complexos. No entanto, estranhamente, à medida que o tempo passa, deixam de ter valor. Isto, contudo, não ocorre com as leis universais, que têm duração infinita.

Por exemplo, os microcomputadores, que até poucos anos não tinham o uso difundido. O mais comum eram as máquinas de escrever. Hoje, tais máquinas, que foram tão importantes no passado, deixaram de existir. Inicialmente, tais microcomputadores eram enormes e tinham pouca memória. Agora, tornaram-se pequenos e de grande capacidade, de forma que estamos, a cada dia, tendo cada vez mais e mais possibilidades. Sob vários aspectos, os microcomputadores revolucionaram o mundo atual, em todos os sentidos, quer na redação de textos, no intrincado mundo dos cálculos matemáticos, nas fotos, nas múltiplas formas de comunicação entre os países, criando um novo mundo por intermédio da Internet, penetrando no mundo da propaganda, criando o sistema do DVD e Blu-ray, e permitindo que as pessoas se falem, ao mesmo tempo.

O mesmo está ocorrendo com os aparelhos de telefones, que, no passado, eram de fio. Hoje, usamos celulares, que basta carregar no bolso e utilizar quando e onde quiser.

De igual forma, as grandes crenças sempre elogiaram o nascimento de mais e mais filhos, o que, teoricamente, representa algo de positivo. Mas acontece que o número excessivo de filhos está tornando este mundo impossível de continuar vivendo, porque a grande maioria não tem condições de educá-los adequadamente, nem de arrumar empregos, não tem alimentos, nem remédios para cuidar da saúde ou de tantos outros elementos essenciais para uma subsistência aceitável. Por isso, muitos deles acabam transformando-se em graves bandidos, assaltando e matando outros seres no mundo atual.

Nós também sabemos que as grandes guerras ou as enormes matanças que existiram, por exemplo, no século passado, foram promovidas pela força indômita da fome. Foi o que aconteceu na Alemanha, no Japão, na China, e em tantos outros países.

Quando se pede a Oscar Niemeyer que faça determinado projeto e ele diz que consegue fazê-lo, sem dúvida, o mesmo deve ter utilizado todas as medidas indispensáveis, quanto à resistência dos materiais e saber que, apesar dos desenhos fantásticos que já realizou, suas obras manter-se-ão por tempo indeterminado, porque aquilo que para nós representa a imaginação, para o arquiteto significa cálculos matemáticos rigorosamente exatos. Em outras palavras, para nós, as obras dele não são frutos da imaginação, mas que, na realidade, representam verdadeiras obras de engenharia.

De igual forma, quando vemos um determinado automóvel de linhas belíssimas, pensamos que foi fruto da imaginação. Contudo, ele não existiria simplesmente como produto da imaginação, mas sim como fruto de um rigoroso trabalho de engenharia.

Em princípio, tudo na vida do ser humano precisa movimentar-se. E o maior responsável para que tudo permaneça parado, estável, é a grande crença, criando cada vez mais e mais problemas, que hoje nem sabemos como resolver. Há, efetivamente, uma grande batalha entre as crenças, que criaram a inércia, tentando parar a evolução dos seres humanos, retardando dramaticamente todo o seu avanço, e a tendência que temos de melhorar cada vez mais tudo aquilo que faz parte da nossa vida.

III

O INSTINTO DO HOMEM

A GRANDE DIFERENÇA QUE EXISTE ENTRE UM HOMEM VERDADEIRO E O QUE SE REGE PELO SEU INSTINTO

Vamos considerar um homem bom, que não quer ferir ou matar ninguém. Este seria teoricamente um ser normal. Vamos chamá-lo de “verdadeiro homem”. No entanto, quando seu instinto for acionado, quando ele for ameaçado de morrer numa guerra ou quando estiver frente aos dramas da fome, com uma doença terminal, frente ao risco da falência ou diante de bandidos cruéis em local de onde não poderá fugir, ele perderá o controle que normalmente teria de suas ações, pois não é mais o “verdadeiro homem” que passará a atuar; será um outro ser, ao qual chamaremos de “instintivo”, que nada terá em comum com o “verdadeiro homem”, utilizando simplesmente o seu poder instintivo para salvar sua vida.

Repare que notamos dois seres dentro de um ser humano, o bom, o normal, o mais consciente, o “verdadeiro homem”, e o anormal, o “instintivo”, o que é inconsciente, que representa, na verdade, um outro ser altamente perigoso que vem para resguardar sua vida, que tem objetivos positivos de acordo com sua forma de ver as coisas.

O objetivo do instinto é salvar o ser humano, não importa como, por ordem do Criador. Constate-se aqui que existem duas “vontades”. A primeira pertenceria ao homem normal, sensato, inteligente, ao verdadeiro homem, geralmente muito útil; a outra foi criada por Deus, pois, como todos sabem, pode fazer tudo, para salvar seu corpo físico, sendo altamente dramática.

Como dito anteriormente, o instinto foi criado por Deus para preservar o ser humano dos eventuais riscos que possam existir. Explicando melhor, suponho que Deus sabia que o ser humano teria de viver nas selvas bravias deste universo, onde tantos acontecimentos dramáticos poderiam acontecer. Além de enfrentar os riscos que existiriam para adaptar-se à vida na terra, em seus múltiplos aspectos, com suas terríveis tempestades, furacões, tufões, tsunamis, terremotos, erupções vulcânicas dramáticas, a transformação das neves das montanhas em rios caudalosos, formação de desertos, a falta de água, de luz, e a terrível selvageria dos animais irracionais, além dos aspectos negativos de convivência dos seres humanos, atacando uns aos outros e criando armas altamente cruéis, venenos perigosíssimos, bombas, às vezes nucleares, explosivos. Ou, como se diria, carregando doenças para as quais nem existem remédios, entre outros tantos problemas indescritíveis, como holocaustos e matanças.

Quer dizer, Deus sabia que o ser humano teria de enfrentar tantos equívocos nesta terra, que poderíamos chamar de encantada.  Tudo indicava que não bastaria criar um homem honesto e cortês, pois ele não sobreviveria. Ele teria de possuir um instinto capaz de se proteger contra tais riscos, levando-o a ser capaz de não pensar sensatamente, mas ser capaz de projetar um contra-ataque mais violento, de forma irascível, a atuar de forma pior do que nos animais irracionais. Tudo isso, por ordem de Deus, com o intuito de que ele pudesse se proteger. Entretanto, o homem, lamentavelmente, escolheu esse caminho errado para dirigir a sua vida, porque era a opção mais fácil para suas atitudes. Entre lutar, para conseguir algo de autêntico, preferiu decidir por aquilo que lhe seria menos difícil.

Contudo, possuímos uma capacidade para multiplicar as chamadas instigações de origem instintiva, que, por várias vezes, tomam conta de nós de forma insustentável. O ser humano tinha de ter condições excepcionais, para vencer a tudo, de alguma forma. Por isso, ele foi dotado de condições que os outros seres vivos não tinham. Passamos então a desenvolver o poder da mente, em todas as suas configurações, simples e elevada, uma sensibilidade que nos permitisse sentir a verdade das coisas, um espírito que carregaria tudo aquilo que fizesse de bom e de equivocado e, sobretudo, que viveria não apenas uma vida, mas várias, criando uma longa existência, para cumprir um grande objetivo que é o de, conhecendo profundamente toda a grande beleza da criação, aproximar-se de Deus, como um ser que teria conseguido, a partir de sua própria vontade, descobrir tudo o que existe. O Criador sabia que não bastaria o ser humano ter mente e sensibilidade para fazer tudo aquilo que quisesse, mas que teria de se defender dos riscos que o próprio mundo ofereceria.

Todos terão de entender por que as chamadas grandes crenças são perigosíssimas, pois o homem se tornou um escravo dos líderes de cada uma delas, ficando inseguro, ou seja, tornando-se profundamente desorientado. E, neste caso, advém-lhe o instinto humano, que, diferentemente daquele dos animais irracionais, torna os homens transtornados e, mais que isso, irascíveis; transformando-os, efetivamente, em verdadeiros monstros, capazes dos atos os mais inverossímeis.

NOS ANIMAIS IRRACIONAIS QUEM ORDENA É O INSTINTO, QUE VEM PROGRAMADO; NOS SERES HUMANOS O INSTINTO NÃO VEM PROGRAMADO

Os animais irracionais, embora regidos pelo instinto, atuam de acordo com as leis de Deus. Os males que os animais fazem são aqueles que subentendemos normais neles. A grande diferença está em que, neles, o instinto é puro, polido, preservado, poderíamos dizer, regularmente programado pelo Criador.  Em outras palavras, os animais irracionais fazem aquilo que Deus ordena. Por tudo isso, todos os animais, de maneira geral, devem merecer o nosso respeito, o nosso amor, pois tudo neles é apropriado, tal como Deus os criou.

No homem, os efeitos que o instinto provoca são dramáticos, pois são imprevisíveis, capazes de qualquer coisa, as mais perversas do mundo. Porque nós temos uma mente, que, quando dirigida pelo instinto desvairado, faz com que as faculdades mentais subam aos céus, multiplicando os nossos riscos a respeito, e percam seu controle. Em outras palavras, diferentemente dos animais irracionais, os grandes perigos estão nos homens.

E, como resultado, o homem acaba fazendo muito mais mal do que supunha, pois suas reações são mais violentas do que os problemas reais apresentam. De alguma forma, isso é o resultado do seu poder de ser livre. O instinto humano não vem programado. Mas, segundo González Pecotche, como somos livres, temos maior responsabilidade, pois dependem de nós as nossas iniciativas, para o bem ou para o mal.

Se um homem sabe que existem vários copos com diversos líquidos, sendo que um deles contém veneno mortal, quando constata que seu filho pequeno está tentando apanhar tal copo para beber, ele tentará evitar, pois sabe que, se o deixar, perderá sua linda criança, em caráter permanente. Isto é o resultado da sua responsabilidade, que advém do seu conhecimento.

Melhor dizendo, o homem, analisando sua natureza, possui a condição de escolher o seu caminho, quer pelo lado positivo, que o leva para superação consciente, como também pelo seu lado negativo, instintivo, que, inconscientemente, leva-o à perdição, mas que tem de arcar com todos os seus ônus.

Explicando de forma mais clara, o homem possui o poder da liberdade para escolher o seu caminho, quer para a superação ou para o fracasso. Por isso, como dito anteriormente, Deus o criou livre, apenas nesse pequeno detalhe, pois em todas as demais áreas, a presença de Deus é fundamental.

E isto tem sido a causa dos tantos problemas que temos no mundo de hoje. Todas as guerras e todos os atos de crueldade realizados pelos homens são regidos, efetivamente, pelas instigações instintivas descontroladas.

Deus criou-o, ainda, com algumas condições básicas. Deu ao homem capacidade para lutar por objetivos fundamentais, como a evolução consciente, o conhecimento de si mesmo, a integração do seu espírito, o conhecimento das leis universais, o conhecimento do mundo mental, transcendente ou metafísico, a edificação de uma nova vida e um destino melhor. Além do desenvolvimento e o domínio profundo das funções de estudar, de aprender, de ensinar, de pensar e de realizar. Tudo conforme especificações dadas por González Pecotche num dos livros escrito pelo mesmo.

NOS FANÁTICOS, TERRORISTAS OU, COMO SE DIRIA, NOS RADICAIS, QUEM MANDA NÃO É O SER HUMANO, MAS SIM O SEU INSTINTO, DE FORMA QUE NÃO VÊ, NÃO PENSA, NÃO SENTE, MAS ATUA VIOLENTAMENTE QUANDO UM RISCO SE APRESENTA.

Quantos casos existem na história do mundo inteiro em que os seres, tomados pela paixão, perdem totalmente o controle da situação e cometem os mais dramáticos crimes, matando, na maioria das vezes, as pessoas que diziam que amavam profundamente. Poderia citar centenas de casos.

Citarei alguns, apenas para referência, como no caso daquele chefe de redação de um importante jornal na cidade de São Paulo, que estaria profundamente apaixonado por uma mulher mais jovem. No entanto, quando a moça em questão demonstrou não ter mais interesse em manter tal namoro, o então chefe de redação descontrolou-se e acabou assassinando sua namorada a tiros.

Esse indivíduo, instigado pelas paixões violentas, após cometer esse crime, acalma-se e volta a aparecer o homem amável que nem acredita ter tomado tal atitude. Tratava-se, como se sabe, de um senhor muito culto, conhecedor da natureza humana e que, por isso, supõe-se, compreendia que tudo que aconteceu foi um absurdo, algo de completamente inaceitável. Confessou que praticou aquela atrocidade e, provavelmente, deverá vir a ser condenado, porque fez algo que não queria praticar.

Outro caso daquele ator que acabou matando uma atriz que havia se tornado uma estrela de uma novela de televisão. Existiram, também, aqueles casos das três jovens japonesas, que, sem ter a menor ideia, estavam carregando pacotes enormes de cocaína em fundo falso de suas malas, preparadas por homens mal-intencionados, sendo presas no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, quando retornavam ao Japão. Duas foram condenadas a anos de prisão como praticantes de crimes hediondos, de nível internacional, libertando-se a terceira no julgamento em primeira instância e, a segundaoutra japonesa, em segunda instância. Aleguei em defesa dessas jovens que não se poderia condenar seres totalmente inocentes. Uma das juízas declarou que não poderia absolvê-las, pois tinha uma prova incontestável da culpa, que eram os pacotes maciços de cocaína que encontraram, pesando um deles mais de11,500 quilogramas. Afirmou, contudo, que apesar da apresentação brilhante dos meus argumentos, não havia sido apresentada qualquer prova concreta da inocência da moça que estava sendo julgada, pois os verdadeiros bandidos se encontravam soltos, fazendo tudo o que poderíamos chamar de maldades. Além disso, alertou que ela, como juíza, tinha uma grande responsabilidade em preservar a paz na sociedade atual. Se a absolvesse, aquela cocaína mataria muitos jovens viciados no Japão, o que era inconcebível, porque, apesar de dizerem que eles se salvariam realizando desintoxicação, na realidade, a maioria acabaria morrendo devido ao vício.

Segundo notícias publicadas num jornal, mais de 1% dos americanos adultos está nas prisões por diversas razões. Comprova-se, dessa forma, que grande parte dos encarcerados nas cadeias do mundo inteiro, segundo informações fornecidas pelos meios de comunicação, embora muitos deles não quisessem, porque, sabe-se, de forma definitiva, que tudo aquilo ocorreu como interferência agressiva do seu instinto de conservação descontrolado. E as penas, por vezes, são tão longas que a vida desses condenados nunca mais será como antes.

A FORÇA INDÔMITA DO INSTINTO HUMANO

Temos de analisar quão poderosa é a força que o instinto nos leva. É uma força descomunal. Porque é vivendo que se conseguirá realizar o que se pretende. Morto, ele nada representará, talvez a história de alguém que queria realizar muitas coisas, mas que as circunstâncias de sua vida impediram-no. Tudo isso é gerado pela força do instinto humano.

A grande dúvida é quando o instinto do homem vem para assumir sua vida. Na verdade, ele se tornará agressivo, terá uma força anormal para tentar impor seus pontos de vista. Afinal, sua própria vida é que estará em jogo, não obstante, na maioria das vezes, grande parte de tudo ser produto da sua imaginação, aumentada de forma grave pelas instigações de natureza instintiva.

Diante de tudo isso, uma grande verdade que temos de entender é que o homem, quando premido pelas forças instintivas, torna-se um verdadeiro monstro, pois irá executar aquilo que imagina, com todas as suas energias. Nada o deterá enquanto não concretizar aquele propósito terrível que o leva a um ato imaginado em defesa própria.

Como se vê, quando um ser acredita estar à frente da possibilidade de morrer, mesmo que isso seja irreal, ele reagirá como se verdadeiros fossem tais riscos. Contudo, ele imagina que tais riscos vêm geralmente multiplicados por centenas de vezes. No entanto, o indivíduo é levado por uma força, que ele mesmo desconhece, de autopreservação, criada por Deus. Só depois que o fato ocorre, ele mesmo descobre que essa percepção é, na maioria das vezes, produto negativo das suas faculdades mentais. Que grande parte de tudo aquilo era ilusório.

O ser humano não age mais com a inteligência, que deveria ser sempre sua linha mestra de atuação. Melhor dizendo, o homem utiliza um mundo que estaria sob a regência da mente comum, geralmente inconsciente, embora, sob tantos aspectos, pareça razoável.

O instinto é a lei da preservação, no qual o ser humano nem sempre atua inteligentemente. Assim, se você disser que determinada pessoa poderá vir a morrer, logo ela se transformará e fará o possível, e o impossível, para tentar sobreviver, de alguma forma.

UM GRANDE PROBLEMA É O RADICALISMO DO SER HUMANO, QUE DESORIENTA O SER E CHAMA O INSTINTO PARA PROTEGER-NOS

Um dos aspectos a se destacar é o radicalismo, do qual, normalmente, não se tem consciência. Quando alguém é tomado pelo radicalismo torna-se inconsciente, não enxerga nada, fica transtornado, mata ou suicida-se, torna-se, enfim, um louco dentro da humanidade. Surgem os fanáticos, por meio das religiões, ou os terroristas, em nome da defesa dos interesses de cada pátria. Mas, o pior é aquele cujo instinto formulou situações dramáticas, levando à utilização de todos os meios possíveis e impossíveis, que pode criar seu desemprego ou a falência de sua empresa ou outros danos, ainda, maiores, e que de modo geral, transformam-se em guerras, que grande parte da humanidade desaprova, mas que, estranhamente, são consideradas necessárias para salvaguardar grandes interesses, comumente confidenciais.

Foi dessa forma que desencadearam a Segunda Guerra Mundial, com a matança de mais de 50 milhões de seres humanos, assim como tantas outras guerras, geralmente inúteis. Valores absurdos são gastos a cada ano na compra de armas, enquanto valores ínfimos são despendidos no combate à fome, na cura de doenças gravíssimas ou na educação, investimentos necessários para transformar as pessoas e tornar o mundo melhor.

Como dito anteriormente, e repetido durante todos os capítulos deste livro, um dos grandes males da humanidade atualmente é o das grandes crenças, que tornam o ser humano inseguro, de forma que são tomados pela força indômita do instinto humano.  Consequentemente, ele perde a noção das coisas, não enxerga nada e torna-se radicalmente contra tudo aquilo que aparece.  Quanto aos riscos, aumenta-os, porque, sob a pressão do instinto, as reações geradas são, igualmente, de mesma intensidade. Por isso, podemos dizer que quase todos os grandes males hoje existentes originam-se dessa radicalização, que é, sem dúvida, a maior causa dos grandes problemas da humanidade atual.

De onde vem tal radicalismo? Advém do nosso medo, principalmente das nossas crenças. Porém, tudo é fruto da escolha equivocada do ser humano, ao querer as coisas da forma mais simples possível. Melhor dizendo, todo radicalismo advêm das grandes crenças, que levam o ser humano a admitir como verdades todos os absurdos pregados ao longo dos tempos. Com isso, tornou-se inseguro e desorientado. Surge, então, o temor psicológico, multiplicando os riscos hipotéticos. Para solucionar essa questão, é preciso mudar a nossa visão interna, que pensemos em longo prazo, de forma consciente, em busca da verdade.

No entanto, temos de saber que o instinto do ser humano não foi criado para esse fim medonho, mas como uma forma de enfrentamento dos males que o mundo atual oferece, pois os perigos realmente existem. Em outras palavras, o instinto é realmente fundamental para o ser humano. Quando lutamos para conquistar o que desejamos, o instinto é primordial. Desse modo, teoricamente falando, não deveríamos nos afastar totalmente do instinto, pois, quando o mesmo é utilizado de forma consciente, torna-se crucial na vida de todos os seres humanos. No mais, o ser humano deveria dedicar-se na busca do que Deus sempre planejou, para que evoluísse normalmente, com o esclarecimento e a evolução do seu espírito, para, dessa forma, aproximar-se, a cada dia, do Criador.

IV

ATOS RADICAIS PROVOCADOS PELAS “FORÇAS OCULTAS

ESTADOS UNIDOS E A GUERRA NO VIETNÃ

Há que se entender preliminarmente que muitos dos atos das pessoas foram provocados por força do instinto humano. Muitos, realizados no alcance de objetivos que nem sempre podem ser esclarecidos, por representarem algo de ilícito ou imoral. Vamos denominá-los de “atos das forças ocultas”.

São inúmeros os casos em que tais atos sucederam. Temos o caso do Presidente John F. Kennedy, morto a tiros, em 1963. Quando surgiu a discussão sobre o ingresso efetivo dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, cogitou-se muito a respeito da sua conveniência. Muitos achavam que isso seria imprescindível, pois representaria a defesa do ponto de vista dos americanos. Outros entendiam que aquilo pouco significaria para o país. Acreditava-se naquela ocasião que o comunismo seria uma ideologia que teria a aprovação da grande massa, pois seus objetivos seriam superiores ao do capitalismo. Levava-se em conta que já tinham morrido mais de 3,5 milhões de homens na Guerra da Coreia, além de tantos outros em várias outras guerras.

Na verdade, todos sabiam que o presidente Kennedy posicionava-se seriamente contra tal ingresso efetivo naquele conflito no sul da Ásia. Contudo, diversos industriais tinham interesse em vender seus múltiplos produtos, que viriam a ser utilizados em caso de guerra. Estavam assim empenhados em conseguir que os Estados Unidos ingressassem naquele confronto, de alguma forma. Muitas conversas houve entre eles, nesse período. Especula-se que uma das conclusões a que teriam chegado afirmava que se o presidente Kennedy deixasse de governar os Estados Unidos, muitos homens públicos concordariam em iniciar uma guerra terrível, que duraria por muitos por mais de dez anos.

Confidencialmente, ao que tudo indica, resolveram matar o presidente Kennedy, para tornar propício todo o clima de guerra que os industriais e os chefes militares tanto almejavam. Um jovem, chamado Lee Oswald, foi acusado de ter atirado. Estranhamente, o mesmo foi assassinado em frente às televisões, antes mesmo de depor, por uma pessoa que estava condenada a morrer de câncer. Todos concluíram que o jovem morto teria sido o assassino do presidente. Mais tarde, entretanto, os fatos vieram a mostrar, em caráter extraoficial, que Oswald, supostamente, nada teria a ver com o assassinato de Kennedy.

Quem provocou tudo aquilo? Provavelmente, a indústria bélica ou outros grandes interessados. Matou-se muito mais de um milhão de vietnamitas nessa guerra horrível, que até hoje ninguém sabe por que existiu, além de consumir mais de US$ 250 bilhões. Na realidade, os Estados Unidos renderam-se aos vietnamitas do norte, além de terem sido mortos mais de 60.000 americanos, com ainda mais de 313.000 americanos feridos, muitos deles gravemente. Lutou-se para preservar um ponto de vista americano, mas movido por interesses estritamente financeiros.

Entretanto, cumpriu-se o que se objetivara, ou seja, a venda maciça de armas e de equipamentos de guerra. Se não houvesse essa demanda, gerada pelo conflito, muito possivelmente, essas grandes empresas poderiam ter ido à falência.

É importante entender que tal tipo de falência significaria a demissão de milhões de pessoas, provocando um caos econômico e social. Quer dizer, tudo parecia dramático para aqueles dirigentes. O problema do radicalismo estava, nesse caso, na falência de tais empresas e na extinção dos próprios trabalhos.

A maioria quase absoluta das pessoas acha que os dramas do dia 11 de Setembro deveram-se a alguns terroristas estrangeiros que, em 2001, sequestraram quatro aviões comerciais e lançaram dois deles nas torres gêmeas do The World Trade Center, derrubando-as e causando, de forma violenta, a morte de mais de três mil pessoas. Nesse mesmo dia, tentaram lançar outro avião sobre o Pentágono, especula-se ainda que mais uma aeronave tenha caído ou sido derrubada em outro local do território norte-americano. Porém, segundo nossa visão das coisas, embora muitas das versões apontadas possam ser consideradas interessantes, a maioria não corresponde à verdade dos fatos ocorridos.

Entendo que o atentado de 11 de Setembro foi praticado, basicamente, por dirigentes da indústria bélica ou por outros grandes interessados, por determinações precedentes. Como dito anteriormente, o grande interesse é evitar a falência das fábricas de armas, o que significaria o desemprego de milhões de trabalhadores.

Na verdade, tais indústrias produzem navios de guerra, inclusive porta-aviões, aviões de guerra, helicópteros poderosos, tanques variados, diversos tipos de equipamentos eletrônicos, inclusive computadores de alta capacidade, aparelhos que permitem enxergar na escuridão, canhões de todas as potências, foguetes de diversos tamanhos e capacidades, satélites, todos os tipos de torpedos, lança-chamas, bombas atômicas, todos os tipos de armas manuais, metralhadoras, fuzis, uniformes, legiões de homens para formar os exércitos, rede de espionagem com equipamentos eletrônicos sofisticadíssimos, todo tipo de alimentação, venenos, drogas e armas químicas e nucleares, mil e tantas outras aplicações detalhadas, mapas… Enfim, uma diversidade de tipos de armas são comercializados transformando a guerra em um grande negócio.

Todas essas indústrias de armas comercializam uma ampla linha de produtos e empenham-se em lançar equipamentos cada vez mais avançados, desenvolvidos a partir de tecnologia de ponta, que serão indispensáveis nas guerras futuras, atendendo às demandas dos militares e às dos diversos segmentos interessados.

Recentemente, os jornais anunciaram que uma determinada empresa teria conquistado o maior contrato militar da história para construir um novo bombardeiro. Esse equipamento irá se constituir na nova estrela das forças militares dos Estados Unidos nas próximas décadas.

Vendo toda a enorme quantidade de armas que determinados países possuem atualmente, faz-nos ter uma ideia de que as guerras futuras serão feitas com inteligência, pois o objetivo é destruir tudo o que represente perigo nos países inimigos. Embora, muitas vezes, não tenham por fim matar tantos seres humanos.

A teoria exposta apresenta uma outra visão consistente das coisas, porém, sem qualquer prova. Apesar de que, nunca o saberemos, porque tudo o que está sendo tratado poderá ser a plena verdade, mas que provavelmente nunca será tornado público, pois tudo é feito da forma mais confidencial possível.

TUDO É ALTAMENTE CONFIDENCIAL, MAS VENDE-SE MAIS DE UM TRILHÃO DE DÓLARES NORTE-AMERICANOS, A CADA ANO,EM EQUIPAMENTOS DESTINADOS ÀS GUERRAS.

A cada ano, vende-se algo em torno de um trilhão de dólares norte-americanos em equipamentos de guerra, conforme as demonstrações feitas pela ONU, cujas informações podem ser constatadas por qualquer turista que visite a sede da organização,em Nova Iorque. Osgastos na compra de equipamentos de guerra podem ser feitos por qualquer nação, pois não se combate, eventualmente, um outro país, mas sim os chamados terroristas, que se encontram no mundo inteiro. Tanto isso é verdade que agora o binômio capitalismo versus comunismo transformou-se em capitalismo versus terrorismo.

Todas as guerras são provocadas quando os seres humanos estão em busca de alguma coisa que não podem adquirir. Um comportamento que ocorre em várias outras dimensões, e que se observa, por exemplo, na prática de vários crimes, quando um determinado indivíduo, que supostamente deveria ter uma postura mais pacífica, não consegue o que quer pelas chamadas vias regulares.

Temos de lutar contra os preconceitos de toda ordem, quer de natureza racial, quer religiosa, quer de grau de riqueza, quer de natureza social, quer por falta de produtos alimentícios, ou de remédios ou dos minerais, como o petróleo ou outros produtos necessários à sobrevivência de muitos povos.

Enfim, milhares de grandes dramas que já ocorreram no mundo, de natureza trágica, com a matança de tantos seres humanos ou tantas guerras pelas mais sórdidas razões, precisam ser evitados.

SEIS MILHÕES DE JUDEUS

Cerca de seis milhões de judeus foram cruelmente mortos durante a Segunda Guerra Mundial. Cabe ressaltar que o povo judeu é composto por seres íntegros e que teve grande influência no mundo atual, porque trouxe a história de Jesus Cristo para a humanidade. No entanto, após a morte do mesmo, perderam suas terras, mas permaneceram um povo unido em sua origem, preservando seu idioma, seus costumes seculares, sua religião e os ritos que os caracterizavam. Além disso, eles haviam entendido, depois de muitos séculos de dificuldades, que deveriam ser independentes financeiramente ou especialistas em alguma área científica ou artística, para se imporem.

Do mesmo modo, o povo alemão, que também era excelente e de boa índole, especialistas em questões tecnológicas, e também muito dedicados às artes e a tantos valores fundamentais dos seres humanos, criou, segundo muitos historiadores, um forte preconceito contra uma minoria dos judeus, que eram ótimos negociantes e, mais do que isso, mantinham suas tradições sem permitir interferência externa.

Houve, durante muitas décadas, no mundo inteiro, uma espécie de rejeição aos judeus, criando-se até uma expressão preconceituosa, pouco utilizada atualmente, o “judiar-se”, cujo significado é fazer mal aos outros. De igual forma, houve, também, uma estranha reação a um grande compositor alemão do século XIX, devido a suas ideias nacionalistas.

A Alemanha passava por sérias dificuldades financeiras no início do último século. Havia um grande número de desempregados e falta de alimentos e de outros itens essenciais para o desenvolvimento desse país. Contudo, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, milhões de judeus tiveram de morrer da forma mais dramática possível, não podendo nem sequer resguardar informações vitais ou se despedir dos seus entes queridos ou deixar algum tipo de herança, pois tudo significou morte, morte, morte, da forma mais inconsequente possível.

Por que tudo aquilo teria ocorrido? Mesmo que alguns judeus tivessem realizado, segundo relatos de alguns historiadores, ações questionáveis no passado, assim como ocorre em tantos outros povos, não se justifica que todos tivessem de pagar daquela forma por tais fatos acaso existentes.

Como se vê, os nazistas, que eram pessoas comuns, foram levados pela crença e pelo instinto de sobrevivência a essa questão, a essa efeméride tão funesta. Foram levados a pensar com a mente inferior, com uma visão pequena dos problemas que surgiam. E, como dito anteriormente, criou-se um radicalismo que até hoje as pessoas continuam sem entender. É claro que se tivessem utilizado a mente superior ou uma visão maior, tais problemas não teriam ocorrido.

Algo a se perguntar é: onde estaria a suprema justiça que se busca, se tantos seres inocentes seriam assim sacrificados nas câmaras de gás, a tiros, ou de tantas outras formas de massacre? Sem dúvida, foi inevitavelmente, um terrível genocídio.

DIÁLOGOS SOBRE A MATANÇA DOS JUDEUS

– No entanto, gostaria que me explicasse por que os nazistas teriam sido levados a matar mais de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial? Nunca entendi claramente a respeito – afirmou o primeiro interlocutor.

O outro, pensando calmamente, respondeu:

– Bem, como você sabe, tenho uma profunda admiração pelo povo alemão. No entanto, temos de saber que existem graves preconceitos que se formam ao longo dos anos. Conforme alguns historiadores, certos judeus teriam se utilizado do que denominamos de “exclusivismo judaico” naquela terra por muitos anos, como povo eleito por Deus. Na realidade, eles não tinham sua própria terra, talvez tudo tenha tido origem nesse fato. Segundo tais historiadores eles foram patrões muito rígidos e nunca cediam quase nada para os alemães e outros povos. Pois bem, o povo alemão, sem querer, foi criando uma espécie de aborrecimento com o povo judeu de maneira geral, por muito tempo. Afora isso, você sabe que a Alemanha vivia uma época de muita falta de alimentos e de muitos itens indispensáveis para a sobrevivência por um longo período. Quando apareceu Hitler, um dos seus objetivos seria salvar aquela pátria de tantos problemas, principalmente da fome que existia. Segundo os historiadores, aquele preconceito contra os judeus transformou-se, naquela época, em ódio e acabou tomando a mente dos nazistas radicais.

– Em poucas palavras, você acha que esse preconceito acabou gerando uma espécie de ódio dos nazistas contra os judeus? – perguntou o primeiro interlocutor.

– Tudo indica que tal preconceito ou tal ódio penetrou na mente comum de muitos nazistas por muito tempo. Daí, toda aquela terrível matança absurda de tantos seres que nada tinham a ver com aquilo – afirmou o segundo interlocutor.

Introspectivo, o primeiro interlocutor declarou:

– Penso que compreendo todo esse drama.  Hoje, eles lamentam profundamente tudo aquilo que aconteceu. Na realidade, nada disso era indispensável. Depois de tudo o que ocorrera, eles puderam ver o absurdo daquela situação e sinto que lastimaram muito.

DUAS BOMBAS ATÔMICAS

Sabe-se que depois de o Japão permanecer alguns séculos com seus portos fechados para o mundo exterior, ao reabri-los, em 1853, os japoneses ficaram chocados com o avanço que o resto da humanidade havia conquistado no caminho da civilização. Porém, os japoneses estavam acostumados a serem regidos pela lei da espada dos samurais, ou seja, eram eles que estabeleciam como os demais japoneses deveriam seguir. A regra era a da honra suprema. Até o povo japonês decidir naquela época que os samurais ‑ que representavam uma força poderosíssima, ou melhor, uma instituição com caráter superior ‑ deveriam acabar.

E todo o povo dedicou-se à educação, de forma que, em poucos anos, erradicaram o analfabetismo no Japão. Como consequência, aquele país diminuto tornou-se uma forte potência econômica mundial, criando-se muitas indústrias, casas comerciais, bancos, etc.

Teoricamente, o povo japonês tem algumas características marcantes. A primeira delas é excelente, pois os japoneses são muito educados, extremamente honestos, amáveis e afáveis, dedicados às artes e ao desenvolvimento do que existe de mais salutar nos seres humanos.

A outra característica foi criada pelos rebeldes e intransigentes autoridades, que integravam o exército japonês, em que não se admitiam a opinião dos outros. Por isso, formou-se uma terra de homens em que o regime em vigor era o militar, razão porque se escolhe, em primeiro lugar, as necessidades do seu trabalho, para depois cuidar das questões familiares. Destarte, caso seja necessário se trabalhar numa determinada noite, primeiramente acerta-se tudo, para avisar ao cônjuge ou aos filhos posteriormente. Isto é uma realidade real e concreta, que qualquer um pode comprovar em quase todas as empresas nipônicas.

Outrora, era relativamente comum no Japão o chamado “hara-kiri”, ou seja, o suicídio em nome da verdadeira honra, com o próprio corte da barriga, um processo de morte lenta, exigindo, muitas vezes, que uma outra pessoa concluísse o gesto, auxiliando a morte do indivíduo. A questão da honra está presente ainda hoje em dia no Japão, com a ocorrência de suicídios pelos que cometem irregularidades involuntárias: como não conseguem explicar e assumir atos que os envergonham, jogam-se simplesmente na frente dos trens.

Nas máfias, uma regra comum de punição era aplicada, quando um dito malfeitor cometia um erro: ele apresentava-se perante o chefão e cortava o próprio dedo ao meio com uma faca, entregando-o ao mesmo. Com isso, sua eventual falha era perdoada, pois, desse modo, ele demonstrava que não fora essa a intenção. Como se vê, compreendia-se que as penalidades eram terríveis.

Naquela época, antes de 1940, diz-se que o povo americano não tinha a menor intenção de guerrear contra o Japão, contrariando a minoria dos seus dirigentes. Na realidade, em 1929, os Estados Unidos haviam passado por uma grave crise econômico-financeira. Em função desse quadro, começaram a criar dificuldades múltiplas para os japoneses adquirirem seus alimentos, o petróleo necessário ou outros itens indispensáveis, teoricamente, por haver escassez dos mesmos. De outro lado, o Japão havia participado da Primeira Guerra Mundial, bem como vencido o confronto contra a Rússia, a China e outros países, de forma admirável, levando seus generais à ideia de que o exército japonês estava muito forte e altamente confiante. Muitos achavam que o Japão nunca haveria de perder uma guerra, porque seu imperador seria uma criatura divina…

Entretanto, os generais próximos à Casa Branca, que estavam ansiosos por uma guerra, embora não tivessem o apoio da população, presumiram que, provavelmente, a armada japonesa atacaria Pearl Harbor, no Oceano Pacífico, onde os Estados Unidos possuíam uma forte base naval, com muitos porta-aviões e navios de combate. Tudo indicava que se o Japão atacasse aquela base naval e afundasse os principais porta-aviões e os demais navios guerreiros que lá existiam, enfraqueceriam substancialmente os Estados Unidos. Porém, captando esse intuito, as autoridades americanas não causaram alarde a respeito e retiraram “silenciosamente” os principais navios gigantescos que se encontravamem Pearl Harbor, antes do referido enorme bombardeio dos japoneses.

Efetivamente, quando o Japão atacou Pearl Harbor, dando início à Segunda Guerra Mundial, as autoridades americanas bateram palmas “em silêncio”, porque aquele país inimigo havia feito exatamente o que eles supuseram. No dia seguinte, quase todo o povo americano estava com terrível ódio dos japoneses pelo ataque a Pearl Harbor, matando milhares de pessoas. Não queremos acusar ninguém, mas constatamos que, com um simples gesto, conseguiu-se fazer toda a vontade de um povo alterar-se de um ambiente de paz para um ambiente de guerra.

Não obstante, os japoneses foram grandes guerreiros em sua luta pelos países do chamado “Eixo”, tendo até criado os chamados ‘kamikazes’, pilotos treinados para lançarem seus aviões contra os motores dos navios aliados com o objetivo de afundá-los.

Entende-se que os Estados Unidos tornaram-se aliados da então União Soviética e de diversos outros países para combater os países do “Eixo”. Contudo, sabiam que a União Soviética viria a ser sua próxima grande adversária, porque desenvolvia um sistema comunista em sua nação, completamente contrário ao regime capitalista utilizado pelos Estados Unidos.

Graças ao comunismo, a União Soviética havia desenvolvido um grande grupo de países, com muito avanço em questões tecnológicas, criando, além disso, forte contingente de exército local, controlando o ingresso ou a saída do país, numa política de isolamento denominada “cortina de ferro”. Mais tarde, no final da década de cinquenta, o avanço da União Soviética foi tão grande que acabou lançando um satélite, o “Sputnik”, que contornou o planeta, abrindo uma nova era, a das investigações espaciais.

Antes de isso acontecer, os norte-americanos se preocupavam com seriedade com o crescimento exacerbado do comunismo soviético; querendo mostrar a eles que não facilitassem em seus planos de conquistar áreas estratégicas, pois tinham uma arma poderosíssima, ou seja, a bomba atômica, demonstrando, além disso, que eram capazes de jogá-las em cima de qualquer povo.

Pois os norte-americanos ordenaram o lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, cidades japonesas que equivaleriam hoje a São Francisco e Miami. Lançaram a primeira bomba e ficaram espantados com aquele poder terrível, apesar da contrariedade de grandes cientistas do mundo inteiro, matando praticamente todos os seres vivos das duas cidades, velhos, homens, mulheres, crianças, animais, tudo. Foi um genocídio terrível.

O lançamento da primeira bomba foi um ato que deixou o mundo perplexo, não havendo explicação para tamanha barbárie. Como dito, apesar dos efeitos estonteantes provocados pelo lançamento da primeira, os aliados persistiram em seu propósito insano, jogando a segunda bomba atômica, alguns dias depois, na importante cidade de Nagasaki, a mais católica cidade existente no Japão.

Pior do que isso, eles já sabiam que não havia nenhum remédio para curar os efeitos da radiação sofrida pelo povo que morava nas duas cidades e arredores. Muitos dos seres, mesmo distantes do local em que a bomba caiu, foram inoculados pela radiação e sabiam todos que estavam condenados a morrer em curto prazo. Soubemos de tantos casos de seres que haviam perdido todos seus familiares, pais, esposas, filhos, namorados, amigos, porém estavam convictos de que eles também morreriam brevemente. Dramas terríveis que ninguém poderá relatar, pois representou a morte de quase todos os seres que lá estavam. Como se vê, tratou-se, mais uma vez, do extremado radicalismo dos seres humanos.

Porém, o lado negativo é que tudo isso foi criado pelas mentes comuns, que tinham visões pequenas, sem grandes perspectivas, sem maiores graus de consciência, vendo apenas os problemas que se apresentavam.

DIÁLOGOS SOBRE O LANÇAMENTO DAS BOMBAS ATÔMICAS

– Soubemos que a Segunda Guerra Mundial foi terrível para todo o planeta. E a luta dos japoneses foi terrível, sob tantos aspectos. Porém, não consegui entender o significado do lançamento pelos aliados de duas bombas atômicas em duas cidades japonesas… – interrogou o primeiro interlocutor.

O segundo interlocutor pensou um pouco e lhe afirmou:

– Nunca se saberá as verdadeiras razões que existiram naquela época, para os dois lados. Mas, como pude dizer anteriormente, grande parte do povo americano não estava querendo guerrear contra os japoneses. Mas foram forçados a ingressar nessa guerra, quando os japoneses atacaram a base naval de Pearl Harbor, pois eles entenderam que houve, no caso, um ataque traiçoeiro. Além disso, os japoneses diziam que nunca se renderiam, pois isso significaria a morte do atual imperador, que era adorado como parte do Criador.

– Soube, posteriormente, que quem decretou a rendição foi o imperador, ao ver que os norte-americanos estavam jogando bombas atômicas em cima da cidade de Hiroshima e, depois,em Nagasaki.  Foidifícil entender aquela super coragem do então imperador, no sentido de render-se, pois ele sabia que seria sacrificado pessoalmente, não obstante a revolta dos seus principais generais, muitos dos quais se suicidaram, fazendo o “hara-kiri” como ato de extrema bravura – afirmou o primeiro interlocutor.

– Os aliados entenderam que aquelas duas horríveis bombas atômicas iriam apavorar os japoneses, levando-os à derrota, em parte porque os mesmos haviam atacado Pearl Harbor traiçoeiramente no início da Segunda Guerra Mundial, matando tantos americanos que lá serviam ou eram residentes – foi a conclusão dada pelo segundo interlocutor.

– Lamentavelmente, foi um ato de extrema crueldade o lançamento daquelas bombas atômicas, pois representou morte, morte, morte, de quase todos aqueles que viviam naquelas duas cidades. E mesmo aqueles que sobreviveram morreriam, pois quanto às radiações não havia remédios de qualquer tipo que os curassem – confirmou aquele primeiro interlocutor.

– Foi um ato gerado pelo instinto humano altamente negativo, que desqualificou o ser humano. Foi, sem dúvida, um ato próprio da mente comum – advertiu o segundo interlocutor.

– É possivelmente por isso que os aliados dos dias atuais lutam tanto para que tais bombas não sejam utilizadas por qualquer povo, sob qualquer hipótese, embora, nunca saberemos nada a respeito em qualquer futuro do nosso tempo.

– Igualmente – Continuou o segundo interlocutor – Há que se entender que, naquela época, as idéias que baseavam o comunismo internacional eram, ao que tudo indica, de grande interesse da população mundial. Tudo indicava que se deixassem a União Soviética avançar em seus propósitos ideológicos, seria impossível depois defender as idéias capitalistas que vigoravam em muitos países “aliados”. Isto era uma questão de vida ou morte. No entanto, todos sabiam que aquela terrível briga ia acontecer em futuro próximo. Em outras palavras, achava-se que os EUA iriam perder essa guerra de pensamentos, porque o sistema comunista tentava preservar os direitos dos homens, ao passo que o sistema capitalista buscava precipuamente o dinheiro.

– O líder soviético, Stalin, tinha conhecimento dessa estranha bomba? Perguntou o primeiro interlocutor.

– Stalin sabia que os EUA haviam descoberta as regras da desintegração do átomo, mas não tinha ideia do que isso significava. Não obstante omedo dos americanos quanto ao avanço do comunismo era terrível. Além disso, há que se entender que o presidente Franklin Roosevelt havia falecido em Abril de 1945. O mesmo foi substituído pelo vice presidente de então, Harry Truman, que mandou jogar as duas bombas atômicas em duas cidades japonesas com efeitos insustentáveis.

Entretanto, sabe-se claramente que, durante muitos anos, de 1930 até 1970, os países capitalistas temiam gravemente pela ideologia implantada pelo comunismo, dirigida então pela União Soviética, porque, em linhas gerais, tudo indicava que o povo do mundo inteiro poderia atacar as ideias do comunismo, pois protegiam seriamente o ser humano. Ao passo que, no capitalismo, o que se visava era o lucro. Até que, com o tempo, se provou que o capitalismo era ainda um regime bastante superior àquele implantado por Marx e Lenin. Ficou comprovado que a União Soviética, apesar de ter avançado muito em suas conquistas ideológicas, começou a ter graves problemas de abastecimento interno, pois o povo só trabalhava em horas determinadas.

Vários países daquela época, dentre os quais a Alemanha Oriental, a Coréia do Norte, Cuba e, agora talvez a Venezuela, além de diversas outras nações começaram a ter diversos problemas para seu desenvolvimento. Pela primeira vez, hoje em dia, têm-se certeza de que o regime capitalista é superior ao regime comunista. No entanto, naquela época, em meados de 1945, o desenvolvimento da União Soviética parecia algo que poderia ser tétrico para os Estados Unidos e para os oaíses capitalistas, algo de desesperador, algo que eles queriam evitar de alguma forma. No entanto, resolveram jogar as bombas atômicas, para, sobretudo, intimidar os soviéticos.

Como se vê, o lançamento das bombas atômicas, que até hoje ninguém entende, teve sólidas razões para serem lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, não só por medo dos japoneses, como, sobretudo, pelo receio terrível dos soviéticos.

V

TANTOS OUTROS PROBLEMAS PROVOCADOS PELAS GRANDES CRENÇAS

Nós temos milhares de outros problemas, mas ocorre que a maioria não tem consciência a respeito. Porque todos acreditam que estão corretos em suas posições. E essa é a dramática realidade que vem ocorrendo na humanidade atual. Ou seja, se estou certo daquilo que estou realizando, por que haveria de mudar? Mantê-lo seria a atitude normal dos seres humanos. Evidentemente que todos nós deveríamos saber desses equívocos; no entanto, tais problemas vão se agravando cada vez mais.

Eu poderia citar aqui uma centena de casos. Vou citar apenas alguns, que, a meu ver, parecem fundamentais para todos nós. Um deles é com relação ao excesso de natalidade por parte de pais que não têm condição de dar um mínimo de educação a seus filhos, de forma que vários deles acabam se transformando em marginais, independentemente daqueles que nascem com mau-caráter.

Efetivamente, as grandes crenças ajudaram a formar muitos marginais, na medida em que tantos seres não tiveram e não têm a menor condição de serem educados adequadamente. As causas são muitas. Mas tudo isso se deve a uma norma das igrejas, de maneira geral, porque estimulam todos a gerarem cada vez mais e mais filhos. Porque, entendem os crentes, isso seria uma lei natural.

E, como na sua grande maioria, todos os políticos são religiosos, algum tipo de limitação legal que regulamente a gestação de filhos é negado. O que é altamente dramático, pois, ao invés de diminuir, aumenta o número de pessoas sem acesso a um sistema educacional que possa lhes oferecer condições para competir no mercado de trabalho. A maior parte delas não terá qualificação profissional, o que as levará a buscar ocupações mais simples, que oferecem baixos salários.

Diz-se que para aprovar a lei do divórcio alguns dos políticos levaram várias décadas, porque as igrejas eram contrárias. No entanto, em muitos outros países, existem leis que delimitam o número de filhos, como na China continental, onde cada casal só pode ter um filho, sob pena de pagar multas elevadas e outros diversos encargos.

Na realidade, temos observado uma incrível ocorrência de tantos crimes nos últimos tempos. O número de roubos e de assassinatos ultrapassa a cada ano todos os limites conhecidos nas últimas décadas.

Ao procurar, na cidade do Rio de Janeiro, o corpo do jornalista Tim Lopes, assassinado por traficantes, a polícia se deparou, por acaso, com uma impressionante quantidade de outros cadáveres, ultrapassando todas as previsões. Sem dúvida, nos últimos tempos, o número de assassinatos que ocorrem, todas as semanas, tem sido algo anormal.

A FALTA DE POLÍTICA DE PLANEJAMENTO FAMILIAR CRIA, CADA VEZ MAIS, NOVOS CRIMINOSOS PORQUE OS SERES NÃO TÊM POSSIBILIDADE DE POSSUIR UMA EDUCAÇÃO ADEQUADA, POR FALTA DE RECURSOS

A falta de uma política de planejamento familiar no Brasil é uma questão importantíssima a ser tratada. As famílias pertencentes às classes mais pobres têm cada vez mais filhos, ao passo que as de classe média (e alta) têm diminuído tal número, por força de consciência própria, podendo, assim, proporcionar uma educação mais consistente a seus filhos, qualificando-os para o mercado de trabalho.

Sabemos claramente, que cada vez mais a mão de obra barata está ficando sem trabalho, porque os industriais estão utilizando “robôs” para muitos dos trabalhos que outrora eram feitos pelos operários. Com a colocação de tais máquinas inteligentes, todos os trabalhos podem ser realizados dia e noite, sem qualquer problema, sem sindicatos, sem acordos ou sem tantos problemas trabalhistas, previdenciários ou securitários.

Em outras palavras, se os operários mal sabem ler e escrever, como irão aperfeiçoar suas qualificações para realizar coisas mais complexas? Teoricamente será quase impossível conseguir! Assim, o desemprego aumentará cada vez mais. Hoje em dia, esse problema já representa uma questão difícil de resolver.

Com efetividade, o percentual de desempregados, bem como da parcela da população que realiza os ditos “trabalhos informais”, aumentou de forma considerável. Porque os encargos com a contratação de funcionários devidamente registrados elevam substancialmente os custos das empresas, em cerca de 100% a mais sobre os salários pagos. Somos milhões de desempregados e de trabalhadores informais, ou seja, daqueles que não são registrados ou trabalham anonimamente apenas para sua subsistência. Isto é uma incrível realidade.

Na maioria das vezes, os jovens sem estudos empreendem uma luta pela sobrevivência. Sem uma qualificação profissional, geralmente estão aptos somente a realizar trabalhos de natureza bastante simples. Alguns poucos conseguem, por meio de força de vontade infinda, sobreviver em condições melhores.

O Brasil enfrenta, dessa forma, um problema bastante grave: o da falta de planejamento familiar. Um cenário em que as famílias mais desfavorecidas têm um grande número de filhos, algumas vezes, superior a oito, chegando, em alguns casos, a vinte ou mais, e que, em grande parte, por razões de ordem econômica, não conseguem ter acesso à educação e consequentemente à uma melhor classificação profissional, torna-se um problema de difícil solução, pois teremos cada vez mais e mais desempregados, as doenças aumentarão de forma dramática, com o crescimento da taxa de mortalidade da população. A falta de uma política de planejamento familiar pode ser apontada como uma das principais causas do aumento da marginalidade.

TEMOS HOJE MAIS DE 15 MILHÕES DE SERES QUE NÃO PUDERAM ESTUDAR; BREVEMENTE TEREMOS CERCA DE 50 MILHÕES

Segundo trabalho publicado numa importante revista, hoje, mais de 15 milhões de pessoas não têm acesso à educação. E, dentro de mais alguns anos, teremos algo em torno de 50 milhões de indivíduos com pouquíssimos estudos e que não possuirão condições de manejar qualquer máquina ou equipamentos que tenham tecnologia mais avançada. Estima-se que o número de miseráveis poderá aumentar de forma múltipla, pois esse percentual deverá persistir, arrasando a possibilidade de uma vida decente no país.

Na verdade, estamos concordando em formar uma sociedade estranha, em que a grande maioria será de pessoas ignorantes, sem condições de frequentar as escolas e aprender até as lições mais simples. Não basta, contudo, criar escolas se não houver professores bem preparados e bem pagos para isso.

Melhor dizendo, tentar manter uma escola de ensino fundamental representará um grande problema, pior ainda quando se pensa em preparar técnicos ou indivíduos mais desenvolvidos. E são desses profissionais que precisamos, de seres com conhecimentos técnicos ou com graduação. A educação fundamental já não é suficiente. O essencial é que o país disponha de técnicos ou de cidadãos com curso superior, profissionais especializados, com formação universitária.

Além disso, vivemos num ambiente de extrema violência. Hoje em dia, quase todos os edifícios residenciais estão cercados por armações de metal, com o objetivo de promover a segurança dos moradores desses imóveis. Estranhamente, é como se vivêssemos numa prisão. Na realidade, é uma situação insustentável. Talvez seja uma incongruência do destino.

Sem dúvida, é importante pensar sobre o nosso futuro. Se não conseguirmos interromper esse gravíssimo problema, o número de marginais no Brasil irá aumentar cada vez mais. E isto é uma terrível realidade.

Há a necessidade de revermos as regras estabelecidas pela Igreja, no sentido de implementar uma política de controle da natalidade junto às famílias muito pobres, conscientizando-as de que não poderão planejar o futuro educacional de seus filhos. Se não atuarmos dessa forma, dentro de pouco tempo, iremos encontrar uma situação ainda pior para a população.

Com a adoção das grandes crenças, os seres humanos tornam-se altamente inseguros e desorientados. Ficam sem saber como resolver os problemas que surgem. Como dito anteriormente, são tomados pelo instinto humano, que promove efeitos fulminantes. Formam-se, portanto, os fanáticos ou os terroristas e tantos indivíduos loucos, que volta e meia aparecem no mundo de hoje, fazendo tudo que é contrário às normas comuns, mas o realizam em nome do que acreditam ter um comando divino, que representaria, de alguma forma, uma ordem do Criador.

A questão principal está no estabelecimento de uma lei de planejamento familiar, que é impedida por força dos mandamentos da Igreja. De forma que, a manter-se esse estado latente que o origina, prevemos que tal problema irá se tornar insuportável em curtíssimo prazo.

OS CAUSADORES DESSE PROBLEMA SÃO AS GRANDES CRENÇAS

Como se vê, a interferência direta que a Igreja exerce não deixa tudo isso se modificar, para desgraça de todos os seres humanos vivos, que são, lamentavelmente, inconscientes a respeito.

Conheci várias pessoas que lutam com dignidade e dificuldade, das quais continuo sendo um grande amigo. E todas elas me garantiram que não houve a menor condição de os seus pais proverem seus estudos quando eram crianças, por uma variedade de razões. Uma dessas pessoas morava no interior do país, onde seus pais apenas subsistiam. E, tendo tantos filhos, o objetivo maior era a própria sobrevivência. Dinheiro para comprar roupas, livros, enfim, para o transporte até uma escola distante, era coisa de sonhador, disse, sorrindo, pois não havia assim a menor condição de estudar. Não era uma questão de vontade pessoal, mas de impossibilidade absoluta. Se ele não trabalhasse, colocaria em risco a sobrevivência dos outros membros da família.

Obviamente, isso nem sempre se aplica a todos, pois, muitas vezes, a criança não estuda porque não sente a menor vontade. Estudar exige um esforço grande, que nem sempre se tem. No entanto, nenhuma campanha enorme e permanente é feita para demonstrar que sem aquele esforço nenhum futuro se terá. Quando menos se espera, os anos passam e a pessoa se defronta com uma realidade terrível, pois, na melhor das hipóteses, conseguirá ganhar um salário mínimo.

Numa ocasião, uma empregada doméstica disse que queria trabalhar em nossa casa, porque não a impedíamos que estudasse na parte noturna. Elogiei-a muito por esse bom intento. E lhe disse que continuasse a estudar, pois, a não ser assim, dentro de alguns anos, estaria cansada e teria muitas dificuldades para sobressair-se no mercado de trabalho. Na realidade, trata-se de uma luta terrível, porque ela casou-se recentemente e, em breve, terá seu primeiro filho. Diante das circunstâncias, nem sei se a mesma terá condições de se formar num curso universitário qualquer, apesar dos meus estímulos. Contudo, há uma grande esperança.

Há também o caso de um servente que apareceu no prédio onde resido, e, desde então, vem, trabalhando com rara honestidade. Um dia, perguntei-lhe como as coisas aconteceram. Disse-me, então, que viera do norte do país, onde não dispunha de recursos para a sobrevivência. Com muitas dificuldades, conseguiu tomar carona em um caminhão, vindo trabalhar no sul do país. Felizmente, encontrou emprego, trabalhando no mesmo prédio há mais de uma década. Graças a isso, trouxe, aos poucos, seus irmãos e também seus pais. Além do trabalho na portaria, ele lavava os carros das pessoas, ganhando um pouco mais de dinheiro. Sabedoria importante de uma pessoa que mal sabe ler, porque está valorizando seu trabalho.

Mas a pergunta que se apresenta é:

– Até quando essa atual situação continuará?

Numa determinada ocasião, uma moça estava trabalhando comigo, no escritório de advocacia, como secretária. Tinha se esforçado e concluído o ensino médio. Era, na realidade, uma pessoa excelente, do mais alto nível quanto à moral. Porém, tinha um grande problema: queria fazer um curso superior e o salário que ganhava só dava para sobreviver. Até que, numa ocasião, não aguentando aquela situação, resolveu matricular-se numa faculdade de Direito que havia na cidade. Achava, contudo, que não conseguiria ir adiante, pois o salário que recebia não daria para pagar aquele curso. Só sei que, demonstrando essa predisposição, acabei pagando os valores que faltavam por quase um ano, até o dia em que ela apareceu dizendo que havia arranjado um emprego muito melhor e que poderia, a partir de então, pagar por sua conta tal curso universitário.

Outro dia, enquanto estávamos viajando para o exterior, recebemos um convite, em que ela escreveu, de próprio punho: “Muito obrigada por acreditarem em mim desde o início. Com carinho” – seguindo sua assinatura.

Penso, com muito carinho, naquela garota que acabou sendo hoje uma honrosa advogada. Naquela ocasião, afirmei a ela que o auxílio que estava dando poderia ser retribuído depois a outras pessoas, que também precisarão, para se tornarem profissionais de algum nível.

Sabemos que grande parte das pessoas continua valorizando sua vida honesta e tudo vai andando, mais ou menos, como se esperava. No entanto, muitas delas iniciam, de forma simples, roubando alguma coisa. Depois, pegam um revólver e atuam cada vez mais com maior vigor, sem que, muitas vezes, nada lhes aconteça. Começam sozinhos e depois formam turmas de bandidos. Se, no início, seus crimes eram realizados com revólveres simples, pouco tempo depois, passam a utilizar armas cada vez mais sofisticadas, inclusive fuzis e granadas.

Uma coisa é existirem 50 milhões de seres ignorantes, que não possuem qualificação profissional, que podem gerar tantos problemas, com greves infindáveis, várias prisões, tantas irregularidades, causando muitas doenças. A outra é ter 50 milhões de seres formados como técnicos ou em universidades, capazes de fazer tudo aquilo que sempre esperamos, criando pessoas que saibam manejar com maestria computadores, ultracapacitados, fazendo tudo florescer de forma ampla e infinita, dando, enfim, condições para vivermos uma vida digna e honesta. Eis aí uma grande opção que todos nós temos de encarar como fatos reais.

Temos consciência de que para investirmos na educação de tantos seres que nascerão no futuro os valores que o governo teria de aplicar seriam monstruosos. A dúvida maior que surge é se isso representaria uma opção de alguma forma acertada, embora tenhamos muitas dúvidas a respeito.

Tudo isso nos leva à conclusão de que se não tomarmos alguma medida mais séria no sentido de criar estruturas para que a grande massa de seres humanos que estão nascendo possam ser educados, inclusive com o dinheiro público, tudo virará um caos. Porque, a não ser dessa maneira, iremos ter um quadro de violência e caos social tão intenso, que não poderemos mais sobreviver como seres evoluídos.

Apenas para esclarecer, tal controle de natalidade pode ser feito antes da concepção, por intermédio de cirurgias adequadas, quer nas mulheres, quer nos homens. Não se controlaria o nascimento de filhos, mas sim interromper-se-ia esse ciclo na fase anterior, o que seria de altíssimo valor. E, como já demonstrado, todos esses gravíssimos problemas estão acontecendo por ordem das chamadas grandes crenças, que estimulam a gestação de tantos filhos dos seres pobres.

Gostaria, por fim, de relembrar que sou, na verdade, um grande admirador das pessoas que, mesmo diante de tamanhas dificuldades, conseguem se sobressair de forma positiva, por meio de seu trabalho. Dessa forma, pude me tornar amigo de muitas delas e observar que a maior parte não pôde elevar seu nível cultural porque não teve a chance de dar continuidade a seus estudos. São pessoas da melhor índole, com moral elevada e que contribuem, muitas vezes, como exemplos de perseverança em nossa vida.

VI

A ESTATIZAÇÃO E A PRIVATIZAÇÃO

Há alguns anos fui ouvir, aqui no Brasil, o sr. Hisashi Shinto, um empresário japonês que estava dirigindo o “Keidanrem”, ou seja, uma espécie de federação das indústrias japonesas, que foi convidado para falar sobre a disputa entre estatização e a privatização. Como todos sabem, as empresas particulares japonesas, de maneira geral, tinham de lutar muito e ganhar o suficiente para sobreviver, ao passo que as empresas estatais não estavam sujeitas a tal norma.

Fiquei durante muitos anos analisando o que estaria equivocado nos serviços de natureza pública. Porém, a grande verdade é que os trabalhos públicos criaram a chamada burocracia, a partir de um trabalho realizado de forma lenta, demorada e desastrosa.

No entanto, tudo aquilo que foi projetado para os serviços públicos era o que de melhor existiria para todos os tipos de trabalho. Na verdade, seguiria a linha da sensatez, tudo estaria registrado,em ordem. Teoricamente, todos os serviços deveriam funcionar como se esperava. No entanto, na prática, nada disso acontecia.

Gostaria de esclarecer, preliminarmente, que nada tenho contra qualquer funcionário público, porque, afinal, ele estará realizando suas funções dentro das normas que lhe foram estabelecidas. Melhor dizendo, acredita que o trabalho que está fazendo é da melhor qualidade. O grande objetivo dele é trabalhar apenas sob a proteção dos interesses públicos. Por isso, dizer agora simplesmente que o trabalho de natureza estatal é negativo soa como algo estranho.

É importante salientarmos que no início da década de 1940, houve um grande movimento, onde se entendia que tudo aquilo dirigido pelos poderes públicos estaria mais resguardado do que o que fosse exercido pelos interesses privados.

Não obstante, temos de ser sensatos, pois se compararmos os trabalhos realizados pelas empresas privadas, haverá muitos exemplos negativos do que representam.

OS PROBLEMAS DAS EMPRESAS PRIVADAS

Ao analisarmos o desempenho realizado pelas empresas privadas, veremos que nem sempre tudo aquilo que é privado é a melhor solução, pois para obter maiores ganhos, às vezes, muitos males são, efetivamente, praticados, pelos seus dirigentes, o que é lamentável.

Preliminarmente, temos de entender que as chamadas empresas privadas guiam-se pela busca do lucro.  Se não forem lucrativas, poderão ir à falência. O lucro, basicamente, tornou-se sua prioridade absoluta. Melhor dizendo, se não houvesse o lucro, nem se começaria uma empresa privada.

Muitas vezes, a qualidade dos produtos vendidos pelas empresas privadas é falha, não representando aquilo que se propaga. Noutras, usa-se a corrupção para obter contratos importantes de interesse público, de forma teoricamente legal. Muitas das licenças são questionáveis. A não fiscalização do desmatamento de florestas ou da manutenção das fontes de água potável, assuntos relativos à preservação do meio ambiente, é algo comum. Às vezes, utiliza-se de estratagemas financeiros para provocar a venda de produtos desnecessários.

Entrementes, elegem-se autoridades competentes, para que deixem de importar determinados produtos, como certos tipos de aço especial, que existe no país, embora de qualidade ruim. Os direitos dos trabalhadores em muitos países não são previstos, porque reduziriam as margens de lucro das empresas privadas.

Em outros momentos, cobra-se uma taxa absurda por trabalhos que teriam de ser gratuitos, como nos serviços bancários. Determinados produtos são escondidos, para que seus preços se elevem de forma desmesurada, como o açúcar, o trigo, o arroz, o milho, o petróleo, etc. Muitas vezes, os preços dos remédios são absurdamente caros, de forma que o doente não tem condições de comprá-los, muitos deles morrendo por isso.

Outras vezes, as empresas privadas são extremamente materialistas e estimulam um ambiente de alta competição, de forma que, como se vê, representam problemas para a sociedadeem geral. Noúltimo trimestre de 2008, tivemos de enfrentar a chamada “grande crise” do mundo atual. Tudo isso foi gerado, segundo os entendidos, pela formação de gigantescas “bolhas econômico-financeiras”, porque os agentes do chamado sistema privativista tinham de emprestar dinheiro a devedores, que não estavam suficientemente capazes de quitar suas dívidas hipotecárias nas épocas oportunas, ou por outras mil razões. Mas era uma fórmula que muitos tinham de utilizar para manter os seus empregos ou de não serem mandados embora. Porque no sistema capitalista a regra é simples e clara: todos devem ser livres para executar aquilo que for indispensável, desde que os lucros que puderem obter sejam superiores aos de outras empresas. No entanto, as lutas que são mantidas pelas empresas, segundo os relatos de vários presidentes de Conselhos de Administração, é de que os lucros têm de surgir, porque, se isso não ocorrer, os responsáveis por cada área serão substituídos por outros que tenham tal capacidade.

Dessa forma, os produtos têm de ser melhor do que os dos concorrentes, eles devem apresentar qualidade superior e preços cada vez mais baixos. Por isso, utiliza-se a chamada produtividade ou criam-se fusões de empresas, com o fito de aumentar a linha de produção e ter menos gente, pois os departamentos e seções que funcionam em duplicidade podem ser reduzidos substancialmente. É a luta dos economistas, para dimensionar como cada empresa se encontra, em comparação com o mercado. Um determinado presidente de Conselho de Administração declarou recentemente que, havia sido proposto que o objetivo de sua organização era de vir a ser a maior ou a vice-maior empresa do mundo. E, depois de alguns anos de intensa luta, desfazendo-se de empresas que não davam lucros substanciais, ou aumentando aquelas que se encontravam estáticas, conseguiram alcançar os objetivos firmados, tendo ele sido considerado um gênio da gestão empresarial.

Revoluções e guerras são muitas vezes provocadas para movimentar a economia, vender produtos, e evitar a falência. Como se vê, nem sempre os serviços privados representam a bonança esperada, porque são obrigados, pela chamada estrutura, em que o consumo é gerado, de alguma forma, pois têm de pagar toda a organização existente. Enfim, as chamadas empresas privadas sempre apresentam gravíssimos problemas de gestão.

Todos nós sabemos que quem cria e movimenta as chamadas “forças ocultas” são os interesses fundamentais das empresas privadas.  Em outras palavras, pode-se entender que os grandes problemas da humanidade atual são, em muitos casos, provocados pelas empresas privadas, cujos altos funcionários bem como todos os seus empregados são levados a atuar com radicalismo, para se salvarem, de alguma forma.

É claro que teremos de pensar muito mais e criar um outro tipo de empresa, onde o labor dos trabalhadores sejam aproveitados de igual forma, preservando a sua dignidade, que não apresentem os eventuais problemas das empresas privadas de hoje. Eu, pessoalmente, não entendo como seria o modelo que vem sendo aplicado na China, em que o regime existente é o socialista, mas que, na prática, utiliza o sistema capitalista e que tem dado excelentes resultados. Estranhamente, vemos, aqui no Brasil, várias organizações formadas com os fundos dos empregados e dos ex-empregados de empresas estatais e privadas, mas que representam valores substanciais. Eles começaram a participar da privatização das empresas estatais em grande escala, e podem vir a participar, igualmente, de novos empreendimentos. Não estou a par de como funcionam, porém representam alternativas que precisamos estudar.

AS EMPRESAS ESTATAIS EM MUITOS PAÍSES

Entretanto, temos de saber que, durante muitos anos, a vida tornou-se quase impossível, porque não podíamos confiar nos trabalhos feitos pelas entidades estatais. Diziam os radicais que nada funcionava bem nas empresas públicas. O que não deixava de ser uma verdade. Esse é um problema que ocorre em todo o mundo.

Soube, posteriormente, que o governo do Japão havia solicitado ao sr. Shinto que assumisse a direção da estatal de serviços de telefonia, denominada Nippon Telegraph & Telephone, que acumulava um quadro de dívidas consideradas impagáveis, tal o montante, e nenhum plano para pagá-las. O objetivo era transformá-la em empresa privada. Shinto estudou o assunto e aceitou tal pedido, desde que algumas medidas importantes fossem tomadas, como: que os preços fossem mantidos no patamar que se encontravam; que não fossem outorgados empréstimos, a não ser que ele os pedisse.

Foi um trabalho sufocante. Era uma empresa pública com uma estrutura inchada e era preciso fazer que aquele mundo de gente pudesse se adaptar às novas regras, pois estavam acostumados a trabalhar apenas determinado número de horas. No mais, depois de analisar a empresa, Sr Shinto levou ao governo a proposta de dividir a estatal em duas empresas independentes, uma no norte e outra no sul do país. Soubemos que foram efetuadas mudanças radicais na gestão daquela enorme empresa, tornando-se, em poucos anos, um empreendimento rentável, que parou de fazer dívidas e começou a funcionar, como se esperava, com claras intenções a respeito de tudo.

Dizem que um dos motivos do fechamento de empresas nos países da “cortina de ferro”, principalmente na Rússia e na Alemanha Oriental, seria o fato de os funcionários cumprirem apenas com os seus horários sem a preocupação com o resultado e a qualidade do trabalho. Em outras palavras, excesso de burocracia e lentidão. Pode parecer uma piada, mas se dizia que se alguém da Alemanha Ocidental ligasse de um aparelho celular dos mais modernos para alguém na Alemanha Oriental, esse último o atenderia com um telefone a manivela…

Aliás, todos sabem como foi difícil adaptar aqueles países aos ritmos do chamado capitalismo, principalmente na Alemanha Oriental e em toda a Rússia, onde a consequência mais grave era a falta de alimentos. De igual forma, os problemas que hoje existem nas duas Coreias, a do sul, capitalista, riquíssima, e a do norte, comunista, tentando fabricar bombas atômicas e lutando apenas para subsistir.

No Brasil, sabemos que todas as empresas públicas são, em tese, problemáticas, por uma variedade de razões. Uma delas é a morosidade no atendimento.

Outra questão é a utilização das empresas públicas como “cabide de empregos”. Com a negociação de vagas para atender interesses políticos e eleitoreiros, com a nomeação de funcionários que, na maioria das vezes, nada entendem das funções que irão exercer numa empresa pública. Dessa forma, embora estranhamente, o presidente do Banco Central pode ser um engenheiro, o presidente da Petrobrás pode ser um professor, o Ministro da Fazenda pode ser um médico, assim como temos um construtor dirigindo uma central elétrica…

O grande problema, contudo, está na forma como o brasileiro administra as empresas públicas, com uma gestão voltada para atender os interesses do partido ou de quem o nomeou. Caso isso não aconteça, o gestor será substituído e outro virá para o seu lugar. Esse sistema de distribuição de vagas não fica restrito ao âmbito da presidência das empresas, outros cargos importantes, ditos “de confiança” também seguirão as mesmas normas.

O que ocorre impacta o clima organizacional, a gestão muda, com a chegada de novos chefes ou de novos colegas que nada entendem do trabalho; em decorrência o volume de trabalho normalmente aumenta ou aqueles novos funcionários, agora nomeados, sem querer atrapalhar os processos de trabalhos, ficam, como se diria, tentando entender o que realizar, sem criar qualquer tipo de problemas. Por fim, alguns trabalham muito, outros nem tanto, e muitos outros não fazem nada dentro do serviço público.

Além do mais, existe uma grande verdade, a de que todo serviço público foi criado para realizar uma determinada atividade, mas isso é esquecido à medida que o tempo passa. Contudo, sabemos que tal serviço sempre existirá, independentemente do dinheiro que irá se gastar. Enfim, tudo acaba virando um problema fora de controle. Não queremos arriscar, mas grande parte dos serviços públicos existentes para pouco servem, pois os tempos mudaram desde a criação de muitos desses serviços e muitas das necessidades de então também já desapareceram. Era preciso fazer uma revisão de vários desses cargos, muitos deles, com certeza, seriam considerados completamente inúteis.

Teoricamente, todas as empresas públicas existentes no Brasil, quer na área federal, quer na estadual, ou ainda na municipal, nunca funcionarão como se espera, mas sim dentro daquelas linhas questionadas. E isso causa um problema múltiplo, pois essas condições acabam desanimando aqueles funcionários públicos que realizam seu trabalho normalmente, com honestidade. Eles podem acabar por concluir que de nada valeram aqueles longos anos de intenso trabalho, porque, muitas vezes, não irão receber qualquer tipo de reconhecimento.

Numa empresa privada, se não vendermos nosso produto, iremos à falência, de forma que aquela venda terá de ocorrer, não importa como, nem quando, mas de forma eficiente. E, além do mais, se os preços dos produtos forem considerados altos, a concorrência e o mercado, de modo geral, poderão nos obrigar a baixá-los como estratégia competitiva. Noutras vezes, cria-se uma situação para que os preços possam ser mantidos elevados.Teremos, na verdade, de encontrar uma fórmula de conciliação.

Nas empresas privadas, tudo tem de ser perfeito ou melhor do que sempre foi feito. De forma que estaremos sempre aprimorando a qualidade de tudo aquilo, em todos os sentidos. Agilidade, perfeição e preços competitivos são as diretrizes que movem as empresas privadas.

A ”POLITIZAÇÃO” DAS EMPRESAS ESTATAIS

Precisamos também levar em conta que as empresas estatais estão sempre sob a direção de um político, que, muitas vezes, nada entende sobre a parte técnica e, por isso, realiza o trabalho de modo equivocado. Além do mais, sempre terá em seus quadros funcionais mais gente do que o razoável, a fim de atender a tantos pedidos de políticos que indicam pessoas para esses cargos públicos, provocando grandes danos à gestão.

É sabido que muitos trabalhos que se achavam sob o controle estatal aqui no Brasil simplesmente não funcionavam. Recordo-me quando as empresas navais foram implantadas, no final da década de 1950, em que o então presidente da República prometeu que seriam disponibilizados para a empresa onde trabalhava na época, a Ishikawajima do Brasil – Estaleiros S.A., cerca de 20 aparelhos de telefones, mandando instalá-los. Com muita luta, conseguimos colocar apenas uma linha, porque era impossível à empresa telefônica atender em 1959.

Em visita às repartições públicas podemos constatar, em sua grande maioria, o drama da falta de recursos em que vivem. Até recentemente, as delegacias de polícia dispunham de poucas e obsoletas máquinas de escrever. Uma vergonha inominável. Em muitas, nem lugar para sentar havia. Um absurdo inqualificável. E querer que os nossos policiais sejam exemplos de dignidade e de isenção na luta contra os bandidos!

Fico, muitas vezes, pensando nos policiais que arriscam sua vida para preservarem a segurança da população, em alguns casos, colocando-se a morrer em troca de baixíssimos rendimentos e péssimas condições de trabalho. Tantos seres, muitos deles inteligentíssimos, são obrigados a passar vários anos de sua vida num beco, sem qualquer reconhecimento das autoridades superiores, sem compensação de qualquer ordem.

Por exemplo, quando ia, com alguma frequência, a um determinado presídio para conversar com alguns detentos, clientes meus, não havia uma sala sequer para isso, de forma que tínhamos de trocar ideias em pé, no corredor, pois nem para fora éramos autorizados a ir. Uma miséria de dar gosto. Víamos, depois, os presídios de outros países, onde havia uma sala reservada para os presos serem ouvidos, muitas vezes, inclusive, dotada de ar-condicionado.

Depois, me perguntava, sem ter qualquer resposta, o que querem que esses policiais façam, ou o que aqueles funcionários daqueles presídios obtenham, a não ser míseros rendimentos, para morrerem, como aconteceu com uma diretora de um importante presídio, baleada mortalmente quando regressava para casa.

Recordo que, muitas vezes, ia a um Ministério para tirar dúvidas a respeito de determinadas questões, os agentes que nos atendiam tinham apenas velhos exemplares das leisem Diários Oficiais. Nãopossuíam nenhum outro livro escrito pelos grandes doutrinadores ou de jurisprudência, a não ser os que foram comprados com os seus próprios rendimentos. Alem do mais, eram informações verbais. Por isso, deixei de ir consultá-los, pois suas respostas não eram as melhores, tão pouco que eram subsidiados pelo governo. Para obter informações oficiais, tinha-se que requerer por escrito e levava-se tempo demais, de forma que, na maioria das vezes, desistíamos.

Sou profundamente contra todas as irregularidades, não sei como seria possível impedir a corrupção em nosso país, uma vez que algumas autoridades recebem propostas de seres equivocados, que oferecem quantias vultosas para conseguir contratos fantásticos, que nem sempre realizam, ou conseguindo verbas que demorariam meses para saírem rapidamente, ou tantas outras coisas que nem precisaremos arrolar.

Muitos políticos atuais, depois que exercem diversos cargos públicos, aparecem com seus bens enormemente aumentados, embora se apresentando disfarçadamente. Há que se entender, de qualquer forma, que muitos dos políticos indicados pouco entendem do assunto.

Numa das viagens que fiz ao exterior, o nosso guia explicou que naquele determinado país o povo não tinha condições de evoluir porque o território era muito montanhoso e apresentava muitos problemas climáticos. Então, no início do século XX, reuniram-se as principais autoridades e os empresários,  para planejar o que fariam doravante visando o desenvolvimento daquela nação.  E observaram que investir na industrialização não era possível devido à falta de matéria-prima; quanto à comercialização, por diversas outras razões, não haveria estrutura; ou seja, ao que tudo indicava, teriam de continuar com a agricultura antiquada. Resolveram, então, transformar esse lugar num chamado “paraíso fiscal”, possibilitando depósitos bancários sem a obrigatoriedade da revelação de nomes com a identificação, sendo realizada apenas por números e selos mecânicos. O país seria declarado neutro, ou seja, não teria intenção de guerrear com nenhum outro, porque sabiam que ninguém atacaria aquele que guardasse seu tesouro confidencialmente. Muitos dos que depositaram verdadeiras fortunas nunca apareceram, criando problemas administrativos complexos. E, assim, transformaram aquela região em um país riquíssimo.

Para entender como funciona um ”paraíso fiscal”, primeiramente, abre-se uma empresa em alguns dias, sabendo-se que não há controle de entrada ou saída de capitais. Os grandes milionários geralmente abrem empresas nos paraísos fiscais com uma determinada quantia, não contabilizada. Depois, abrem outra empresa, com nome diferente, em outro paraíso fiscal em outra região do mundo. Pode haver uma na parte leste e outra na parte oeste. Um famoso político de São Paulo afirmou que não tinha um tostão em conta aberta por ele no exterior, embora se saiba que possuía mais de centenas de milhões de dólares norte-americanos depositados naquelas contas. A partir desse exemplo podemos constatar como é extremamente difícil descobrir a quem pertence cada uma dessas empresas.

Em outras palavras, essa é uma forma de lavagem de dinheiro: dessa maneira, é possível entrar num país como uma empresa estrangeira com capital legalizado. E, mais ainda, os presidentes dessas empresas são pessoas contratadas por um dia para esse fim. Eles se apresentam como representantes da empresa, oficializando-a como investidor estrangeiro.

Quantos casos tivemos assim no Brasil? Inumeráveis! Na verdade, todo o dinheiro que se ganha deve pagar tributos demarcados. Quer dizer, se o seu dinheiro não puder ser comprovadamente justificado, a repartição fiscal abrirá um processo que lhe acarretará sérios problemas. O objetivo é identificar a origem, o proprietário e se o tributo foi recolhido como deveria.

Conheci outro dia uma pessoa que pôde comprar um enorme apartamento em Miami, utilizando-se uma dessas empresas do sistema “off shore” ‑ naquele estado americano não é permitido que estrangeiros adquiram imóveis acima de determinado valor. O imóvel, no caso, foi devidamente registrado em nome daquela “off shore”, estando, como se diria, tudo em ordem legal.

Mas, na realidade, quem mais fica decepcionado com todo o serviço público é o povo, que sempre pagou por tudo e que nunca recebe o quanto deveria receber.

Os benefícios que o sistema de previdência social outorga a seus segurados é tão inferior ao que se concede aos funcionários públicos, que eles passam a ser, a meu ver, “altamente inconstitucionais”, pelo absurdo que representam. Pouco sei a respeito de questões matemáticas, mas estou certo que se o sistema de previdência social estivesse nas mãos da atividade privada, o dinheiro apareceria, pois tudo seria mais bem administrado, quero dizer, o dinheiro seria aplicado em fundos que regem aquilo que se espera e os rendimentos seriam muito maiores do que aqueles que hoje outorgam aos funcionários da atividade privada e que não lhes permitem a menor condição de sobrevivência.  Um absurdo que precisa ser corrigido de forma urgente, sobretudo pelo enorme quadro de funcionários que possui.

Quanto às empresas públicas que estão funcionando hoje em bom nível empresarial, como a Petrobras, efetivamente, se fossem privatizadas, poderiam fazer o mesmo trabalho com menos de 50% do seu pessoal e fariam muito mais coisas do que atualmente realizam sob o domínio das autoridades ali nomeadas.

Penso que se deveria implantar um plano global, decidindo-se que, a cada ano, diminuir-se-ia um determinado percentual de funcionários públicos, de forma que, dentro de alguns anos, ficaríamos com pequeno número deles, talvez de 10% dos quadros atuais. No entanto, conforme publicou o jornal O Globo, em 07.09.08, sob o título de “Servidores do Executivo já superam 1 milhão”, o número de funcionários aumentou 27% na “Era Lula”; o orçamento prevê R$ 169,1 bilhões de reais para pessoal em 2009. Como informa a reportagem, quando o último governo havia deixado de dirigir o país, o número de funcionários era de 780.975 e gastava-se R$ 75 bilhões de reais. Lamentavelmente, não sabemos para onde se quer levar o nosso país, pois, desse modo, cada vez mais iremos retroceder, quer dizer, o Brasil não avançará como se espera.

“PRIVATIZAÇÃO: A VERDADE DOS NÚMEROS”

A renomada economista Maria Silvia Bastos Marques escreveu uma brilhante crônica “Privatização: a Verdade dos Números”, publicada no jornal O Globo, antes das segundas eleições, em 2006, em que apresenta uma excelente visão a respeito do assunto.

Em poucas palavras, diz ela que:

O prejuízo consolidado das empresas siderúrgicas em 1992 foi de US$ 260 milhões, enquanto seu lucro consolidado em 2005 foi de US$ 4 bilhões. A Vale do Rio Doce investirá, segundo afirmou, cerca de US$ 4,6 bilhões em 2006, mais de dez vezes o valor investido em 1997, sem mencionar a aquisição da mineradora canadense de níquel, INCO, por US$ 18 bilhões. O setor de telecomunicações investiu R$ 165 bilhões no período de 1996-2005.

A Vale do Rio Doce, que possuía 11 mil funcionários em 1997, em 2006 tem 44 mil empregados diretos e 93 mil indiretos. Além disso, seus investimentos poderão criar 33 mil novos empregos diretos entre 2005/10, além do mesmo montante em empregos indiretos, ou seja, trata-se de 66 mil novos empregos. Os postos de trabalho no setor de telecomunicações, inferiores a 200 mil antes de 2000, hoje ultrapassam a 300 mil.

No mais, continua Maria Silvia Bastos Marques, que foi diretora financeira do BNDES, Secretária de Fazenda da cidade do Rio de Janeiro e também presidente da Companhia Siderúrgica Nacional:

Do ponto de vista da inclusão social, o caso das telecomunicações é único no mundo. Em menos de uma década reverteu-se um quadro pré-histórico, em que para se ter um telefone era preciso pagar uma assinatura por cerca de cinco anos, sem a garantia de ter a tão sonhada linha. A linha era um ativo tão caro que era declarada no Imposto de Renda! Claro que somente as classes A/B tinham acesso a esse serviço. Hoje, os serviços de telecomunicações (fixo, móvel, TV por assinatura e banda larga) são prestados a 141 milhões de brasileiros. A base de clientes de telefones celulares cresceu mais de 1300%, de 7 milhões em 1998 para cerca de 100 milhões atualmente.

Dizendo de forma mais clara, o Brasil poderia vir a ser hoje um dos países mais importantes do mundo se conseguisse recuperar todo o atraso criado pelas chamadas empresas estatais, efefetivamente a Vale, de acordo com a informação contida no jornal O Goblo, 28/10/2010,  teria granhado no terceiro trimestre de 2010, de julho a setembro, o lucro líquido de 10,554 bilhões de reais.

Enfim, se tudo funcionasse como na iniciativa privada, tornar-se-ia um grande país. Mas, enquanto permanecer sob a inércia dos serviços estatais, permanecerá como se encontra hoje, atrasadíssimo, quase sem condições de superar os tantos problemas existentes.

VII

QUESTÕES QUE SE TRANSFORMAM EM GUERRAS

As guerras às quais assistimos, em tantos lugares no mundo inteiro, e que poderiam ser resolvidas, engrossam mais os seus contendores e acabam matando cada vez mais e mais seres. Uns querendo desenvolver a tecnologia de fabricação de bombas atômicas enquanto outros querem impedir que mais países a desenvolvam.  Fazemos ideia de quantas bombas atômicas alguns países não devem ter escondidas. Dizem, por exemplo, que Israel teria algumas centenas de bombas atômicas ocultas, para se defender dos demais países.

Tomemos um determinado país, onde os povos que ali vivem estão passando por privações, por causa da falta de farinha de trigo, insumo necessário à fabricação de pães. Devido às condições do clima local, não é possível o plantio do trigo no país. Então, para atendê-los, os dirigentes locais resolvem importá-lo. Existem, no entanto, diversas dificuldades para a concretização do que se pretende. Os exportadores, por diversas razões, não querem ou não podem exportar aquela farinha de trigo, que é tão essencial para aquele país. Cria-se, com isso, um profundo desgosto. Mais tarde, à medida que tal problema for se agravando, tudo isso poderá a vir se transformar numa guerra sangrenta.

Recordo uma palestra que nos foi ministrada no Japão, há alguns anos, na qual se mostrava que o consumo de petróleo era volumoso, e necessário não apenas para movimentar automóveis e caminhões, mas também para as fábricas ou, melhor ainda, para gerar a energia elétrica que era consumida em todo o país, em face do elevado número de centrais elétricas. O volume de petróleo utilizado era tão grande que o Japão importava dos países árabes e do mundo inteiro, para suprir as necessidades, que aumentavam a cada dia. Já se dizia que os navios que transportavam petróleo eram tão numerosos, que, se os colocássemos em uma estranha linha reta, eles estariam a apenas pequenas distâncias um do outro, e assim sucessivamente. Perguntava-se como tudo isso ficaria dentro de alguns anos, quando o consumo de petróleo aumentasse tanto quanto demonstravam os gráficos. Ninguém sabia o que responder, tamanha a grandiosidade do problema. Quantas guerras poderiam advir da falta de petróleo? Como poderiam ser desenvolvidas soluções alternativas?

Nos últimos tempos, os Estados Unidos resolveram taxar a importação de aço que advierem de outros países, porque a indústria siderúrgica local estava atrasada e não conseguia produzir produtos sofisticados nas quantidades suficientes. Fizeram, assim, muita propaganda em outros países, para que o aço que pudessem produzir atendesse a tais condições. E, consequentemente, investiu-se muito para esse fim. Depois, quando se iniciou a exportação, o presidente eleito posteriormente afirmou que só compraria se o país exportador pagasse cerca de 40% do seu preço de multa, dando-se um nome qualquer para isso um adicional de várias dezenas de porcentagem de multa, sob aprovação do Congresso Americano. Como vemos, foi criado um problema terrível, ao se prometer uma coisa que não se cumpriu. Quem poderá negar que isso pode acabar numa guerra em que ninguém quer participar?

O arroz no Japão é considerado alimento indispensável, ou melhor, essencial. Rudemente falando, cozinha-se o arroz e joga-se qualquer tipo de condimento em cima, toma-se chá, geralmente sem açúcar, e todos ficam felizes e satisfeitos o dia inteiro. Isto para o café da manhã, para o almoço e também para o jantar. Por isso, no passado, quando se falava em alimentação, referia-se à colheita de arroz. Daí que o arroz se tornou uma fórmula de sobrevivência dos japoneses, de alguma forma, em sua longa história.

Teoricamente, sem arroz, o povo japonês não sobrevive. No Brasil, representaria talvez o feijão e a carne, o macarrão na Itália e o pão na França. O arroz, para o japonês, representa aquilo que se diz “o pão nosso de cada dia”. Planta-se o arroz no Japão dentro de áreas previamente encharcadas de água, produzindo-se um produto agrícola de paladar inigualável. Qualquer pessoa pode comer arroz no mundo inteiro, mas ficará encantada quando experimentar um pouco do arroz produzido no Japão, por seu sabor indiscutível. Sentirá que comeu um outro tipo de arroz, tão delicioso, completamente diferente daquele que costuma degustar em outros países. Se houver arroz, como se diz, ninguém morrerá de fome, pelo menos no Japão.

De outro lado, há milhares de produtores clássicos de arroz no Japão, há centenas de anos. E, como os seus terrenos são diminutos, o custo da produção é elevadíssimo. Então, o governo se vê frente à necessidade de manter uma parte daqueles agricultores produzindo arroz, mesmo pagando uma sobretaxa muitas vezes elevada. Porque é impossível acabar com o arroz que se produz naquela terra, pois se entendeu isso como necessidade vital, transformando-se, inclusive, em questões diplomáticas. Se houver falta de arroz no Japão tudo se paralisará; será um desastre terrível, tal a importância desse alimento.

Deixar de importar arroz de outros países, teoricamente, não deverá ocorrer em nenhuma hipótese, pois o arroz importado serve de estoque regular. Todos se recordam que nas épocas das grandes guerras faltou arroz no Japão e foi, na prática, um grande desastre.

Contudo, em épocas favoráveis, é possível importar arroz, em grande quantidade, dos produtores internacionais, embora, sob o ponto de vista do paladar, é considerado apenas razoável. Os países exportadores de arroz para o Japão, produzindo em grande escala, querem que o importador pague determinados valores mais elevados, colocando em risco suas exportações. Mas, de outro lado, o Japão não quer pagar preços mais elevados, porque o problema que eles têm em sua terra é diferente daqueles que os exportadores de arroz têm.  Nos demais países é plantado em solo seco, de forma simples.

Geralmente, os problemas apontados, como a falta de determinadas matérias-primas, ocorrem por falhas de ambos os lados. De forma que as eventuais rixas começam a roçar os ânimos dos países. E, com o andar dos anos, aquilo que era insignificante, acaba gerando uma guerra de proporções dramáticas.

É claro que o problema da guerra não está apenas voltado para a importação e exportação de produtos, embora a falta de alimentos seja uma das questões mais fundamentais que existem. Outras vezes está envolvido na forma como determinado país está sendo dirigido, muitas vezes com excesso de rigor. Ou na política que o mesmo está dando ao seu exército, ou ao incremento de bombas atômicas, ou de bactérias mortais ou de venenos fatais. Em outras palavras, existem milhões de razões para que uma guerra seja promovida, geralmente ocorrem por interesses não declarados e obscuros.

Muitos acham que as guerras são indispensáveis. Uma guerra é formada em razão dos erros que os próprios seres humanos cometem e não são corrigidos em tempo hábil. Como consequência, surgem problemas que depois se transformam em guerras cruéis.

De igual forma, tantas guerras estão sendo provocadas, muitas delas, aparentemente, sem que saibamos os motivos. No entanto, todos nós sabemos que muitas são fundamentadas no que denominaremos de controle e posse do petróleo, ou na venda maciça de equipamentos, principalmente para uso em guerra, ou por outros grandes interesses que não podem ser revelados. A desculpa de que tais países estariam tentando fabricar bombas atômicas é, na realidade, um verdadeiro conto da carochinha. Eis que, conforme nos demonstram vários levantamentos realizados em pesquisa na internet, existiriam atualmente mais de 27.000 bombas atômicas no mundo.

Na verdade, é importante perguntar como as chamadas guerras foram criadas, pois os seres humanos de uma terra vão lutar contra os jovens de outras terras, e, mesmo sem o desejar, têm de matá-los de forma violenta, contrariando todas as regras de boa conduta que lhes foram ensinadas, inclusive para atender aos preceitos de Deus. No fim, os jovens dos dois países, que nunca tiveram qualquer experiência dos problemas da vida, e nem estão treinados sob o ponto de vista financeiro ou econômico para tal missão, serão treinados para matarem uns aos outros, apenas para resguardarem a chamada soberania respectiva. Porém, sabemos que aqueles que forem mais valentes, que matarem mais soldados inimigos, serão homenageados e ganharão medalhas por atos de sua estranha bravura. Como se vê, são atos imensamente cruéis e insensatos.

VIII

NEM SEMPRE OS QUE PROVOCAM AS GUERRAS SÃO VILÕES

Os gravíssimos problemas sociais, que envolvem tantos indivíduos no mundo inteiro precisavam ser resolvidos, de alguma forma. Mas a verdade é que algumas pessoas são tão absurdamente ricas que acreditam estar mesmo acima do bem e do mal. Como se diz, normalmente, quem tem dinheiro é capaz de qualquer coisa. Do que é lícito, como também do que é ilícito. Com a força do dinheiro, elegem-se deputados, senadores, nomeiam-se ministros, elegem-se presidentes, consegue-se o que for preciso, até leis que os protejam. Compram-se redes de televisão, rádio, revistas e jornais; adquire-se, enfim, diversos sistemas, com o intuito de transformar a opinião do povo. Se hoje pensamos de determinada forma, amanhã tudo pode mudar completamente, graças ao trabalho da publicidade. Usando-se o dinheiro, criam-se igrejas, ideologias…

Mas, ao mesmo tempo, há bilhões de seres que mal conseguem sobreviver, porque não têm dinheiro sequer para comprar alimento. Morrem aos milhões, de fome, ou porque não têm condições de comprar um pouco de remédio, para curar suas múltiplas doenças. O Brasil tem hoje em torno de 15 milhões de seres que mal sabem ler e escrever, porque nunca tiveram nenhuma oportunidade de estudar. Dentro de alguns anos, esse número poderá ultrapassar a marca de 50 milhões de brasileiros nessas condições.

Como exigir que um pai, que ganha menos de um salário mínimo, tenha alimentos, roupas, compre cadernos e livros e mande seus filhos, que são muitos, para uma escola distante, que muitas vezes nem oferece uma estrutura adequada? Como essas pessoas sem qualificação profissional conseguirão empregos, a não ser para trabalhos simples de carregar coisas, dirigir carros, cuidar de portarias de prédios, ou em trabalhos na construção civil, ou na agricultura? Esse quadro impactará também na moradia dessas pessoas, que, sem recursos, acabam morando em barracos nas favelas. Estima-se que há, atualmente, mais de mil favelas na cidade do Rio de Janeiro.

ELES SÃO, TEORICAMENTE, SERES NORMAIS!

Muitos jovens que ingressam no mercado de trabalho possuem moral elevada e têm confiança de que estão fazendo o melhor que podem. Depois que demonstram que possuem competência nos trabalhos que realizam, esses jovens profissionais, após um período de estágio, iniciam sua carreira passando a receber remuneração por seu serviço, como engenheiros, advogados, economistas… Posteriormente, passam a ser chefes de seções, depois a chefes de departamentos, e mais tarde, a diretores ou presidentes das empresas relacionadas. São seres absolutamente normais, pessoas da melhor índole, como todos nós.

Com o passar do tempo, o que era um desejo inicial de ascensão, manter-se nessa posição passou a ser uma tremenda necessidade de sobrevivência, pois se a empresa não tiver um bom desempenho no mercado poderá significar a falência.

Desse modo, uma fábrica que no início da carreira desse jovem comercializava um produto qualquer, talvez tubos de metal, devido a uma série de circunstâncias, tem os seus produtos relacionados à fabricação de equipamentos utilizadosem guerras. Porexemplo, tubos especiais que poderiam vir a ser de metralhadoras ou de equipamentos para os tanques de guerra, ou microcomputadores de alta precisão, que poderiam vir a ser utilizados em espionagem, ou aparelhos fotográficos de alta precisão para obter fotografias retiradas de aviões em elevadas altitudes…

O problema maior dessas pessoas é que aquelas vendas acabaram se tornando um meio de vida, com todos os seus eventuais riscos. Melhor dizendo, com o passar dos tempos, tornou-se irretorquível a necessidade premente de continuar a vender. Ou seja, eles irão à luta, sempre com a ideia de que o fundamental é vender cada vez mais. Não importa como. Vender cada vez mais se transformou numa ordem superior.

HÁ QUE VENDER OS EQUIPAMENTOS, NÃO IMPORTA COMO!

Daí que surge uma alternativa dramática. Se não puderem vender tais equipamentos, estudam-se fórmulas para fazê-lo. E, atente-se bem, isso é feito para todos os lados do mundo, independentemente de como irão agir. Agora, não é sua vida que importa, mas a de todo aquele enorme contingente de pessoas. O que está em jogo, em última palavra, é a vida de todos eles.

Contudo, sabe-se que com a tendência que se vinha verificando, as possibilidades de guerra estavam diminuindo de forma séria, quando o Presidente Clinton estava deixando o governo dos Estados Unidos da América, desenvolvendo-se aquele clima de convivência harmônica entre os seres humanos. Esperava-se uma época em que as guerras deveriam desaparecer. De alguma forma, a chamada guerra fria estava desaparecendo e os grandes conflitos que existiam em todo o mundo estavam se apaziguando.

Porém, segundo os planejadores especialistas daquelas indústrias, a curva que demonstra as vendas futuras dos seus equipamentos estará tendendo a aplainar-se e, dentro de pouco tempo, entrariaem declínio. Emface da situação, os diretores das empresas vêm se esforçando para mudar os produtos que fabricam, destinando-os, na medida do possível, às outras indústrias e a outras finalidades que não as das guerras.

No entanto, apesar dos muitos esforços, conclui-se que, dentro de poucos anos, um grande número de funcionários, ou seja, uma parcela superior a setenta por cento, teria de ser dispensada, transformando-se num grande problema para a empresa. De qualquer modo, se tudo isso não puder ser feito como se espera, as empresas podem ir à falência, representando o desemprego de milhões de funcionários.

Uma questão a ser analisada é que, quando o temor avança sobre a natureza de cada ser humano, ele se transforma e torna-se capaz de qualquer ato violento, de forma inconsciente. Mas, temos de entender que esse temor acompanha o ser humano em todas as áreas de sua vida. Assim, se tratar de um presidente de grande empresa, que sempre gozou de todas as regalias que aquela organização lhe concedeu, frente ao risco de que a mesma irá à falência, o seu instinto, que estava inerte, passa a funcionar de forma inexorável e começa a responder diante da necessidade de superação daquela gravíssima situação.

Concluiu-se, entretanto, que não haveria estruturas industriais nem especialistas suficientes para essa mudança radical do modelo de produção, que vem sendo utilizado há décadas. Se apanhássemos, por exemplo, uma indústria que trabalha há muitos anos na fabricação de automóveis, não poderíamos sugerir que parasse de produzir aqueles produtos nos quais tem experiência de oitenta ou cem anos. Essa mesma indústria poderia investir cerca de dez ou vinte por cento em outro segmento, sem alterar repentinamente seu ramo. Sabemos que toda a experiência e reputação da empresa estão baseadas na fabricação de automóveis, cuja marca é famosa no mundo inteiro, por sua tecnologia de ponta.

CONTRATAM-SE ESTRATEGISTAS…

Os responsáveis por essas centenas de grandes indústrias reuniram-se, por diversas vezes, para buscarem soluções sobre como enfrentar aquele terrível impasse. Decidiram então contratar estrategistas para analisar aquele gravíssimo problema.

Esses, após examinarem profundamente a questão, concluíram que as vendas daqueles produtos deveriam continuar. E, em seu diagnóstico, disseram que revoluções e guerras deveriam ser provocadas. Não por outros, mas por eles mesmos. Informaram que provocar guerras não representaria problema para eles, pois poderiam se incumbir dessa tarefa.

Tais estrategistas apanharam um mapa do mundo e mostraram que há países onde há seres que pensam de forma muito diferente. Eles contratariam, confidencialmente, pessoas para atuar em vários desses países, para incrementar uma série de questões existentes. E passaram a listar algumas delas: os problemas religiosos, demonstrando que os capitalistas estavam buscando aquilo que representava o lado material do ser humano e não o lado chamado de espiritual. O essencial era combater a exploração de bebidas, de jogos, de mulheres e de tantos gastos supérfluos. O abandono de tantas minas de bombas terrestres e marítimas estava matando e mutilando milhares de pessoas, sem qualquer responsabilidade, depois que as eventuais guerras terminavam. Era culpa daqueles capitalistas, afirmavam.

De alguma forma, o regime capitalista está cheio de dramáticos defeitos e que isso estaria criando uma nova Sodoma e Gomorra, dever-se-ia lutar contra a ambição que existe nos países capitalistas, e de todos os seres que querem ser mais ricos e superarem os outros, de forma contínua, mesmo que para isso tenham de utilizar métodos imorais, inclusive provocando o chamado aquecimento global.

Era importante combater também a existência de tantas armas mortíferas utilizadas pelos capitalistas, não importando qual nome se desse a elas. Todos sabiam que os capitalistas estavam controlando todos os eventuais bens que aqueles países possuíam, não só quanto aos alimentos, como também ao petróleo e a tantos outros minerais, não deixando que os nativos os controlassem. Enfim, tais estrategistas demonstram, de todas as maneiras, o quanto os capitalistas provocavam de danos na terra deles, da forma mais ilícita possível.

Além disso, ajudariam ocultamente aqueles povos a fazer suas propagandas da forma mais ampla possível, quer em cartazes, quer em rádios, quer em televisão, estimulando muitos líderes locais a assumirem seus lugares. Ofereceriam dinheiro para comprar equipamentos de guerra, enfim, auxiliariam a organização de pequenos grupos para pesquisar tudo a respeito, e também para treinar os jovens que existiam naquele local. Formar-se-ia uma legião de pessoas que, de forma radical, estariam prontas a morrer para preservar os verdadeiros valores de sua pátria na luta contra os capitalistas, não importando a origem. Como tais estrategistas estavam a par dos radicalismos daqueles povos, a ponto de morrer em nome da sua pátria, como ato de Deus, não viam problemas naquela situação que estavam propondo.

Na verdade, tais estrategistas não têm qualquer obrigação quanto aos aspectos morais, pois querem apenas saber quem estaria interessado em promover guerras e adquirir os referidos equipamentos bélicos. Procuram, assim, países que, quanto mais atrasados, melhor, principalmente aqueles que são dominados pelas suas religiões, tudo devidamente confidencial, para, de alguma forma, estimular a evolução daquelas ideias. Em primeiro lugar, fornecer muita difusão a respeito e, posteriormente, meios para adquirir o que for considerado essencial, inclusive equipamentos para a guerra. Criam-se, ao mesmo tempo, tantas condições para justificar diversos tipos de atos terroristas ou de várias revoluções ou guerras. Na realidade, eles entendem que o importante, o fundamental, é que cada grupo realize aquilo que pretende, pois sabe que isso será vital para a aquisição de mais equipamentos.

Quem contrata tais estrategistas ou arranjadores de revolução ou de guerras são os seres normais que subiram na vida e hoje respondem pela sobrevivência de milhões de seres humanos, inclusive da sua própria vida. Na realidade, são seres normais, como dito anteriormente, iguais a todos nós. Apenas que, por diversas razões, são levados a praticar atos obrigatórios, movidos pelo radicalismo das novas situações que apareceram. Uma coisa é indefectível. Se eles não venderem tais armas que produzem, sua empresa irá à falência e milhões de seres humanos vão ficar no desespero, inclusive eles próprios.

Referi-me à venda de armas, porém, reduzir essa questão às armas é uma falsidade, pois o problema se aplica a toda a área industrial. Se o problema é com o presidente do Conselho de Administração, esse será destituído; se for de algum diretor, esse irá para a rua. Enfim, ninguém quer, mas todos os membros de uma indústria ou de um comércio ou de uma empresa prestadora de serviços, sabem que se alguma coisa impedir que a venda de seus produtos, eles serão considerados culpados e serão fortemente penalizados. Em resumo, eles sofrerão por uma situação, como resultado do sistema capitalista, embora, como dito inicialmente, sem ter qualquer culpa a respeito.

Como se vê, eles tem que promover uma revolução ou uma guerra, sem que ninguém se dê conta a respeito, para vender mais e mais equipamentos que se destinem às mesmas,  para permitirem que continuem vivendo como até aqui, provocados não por eles, mas por estrategistas, por força do instinto de sobrevivência deles, forçados pelo instinto de preservação.

IX

A GRANDE VERDADE

Ao escrevermos este livro, os objetivos eram bastante claros. Queríamos mostrar como os grandes problemas da humanidade atual se concretizaram. Por isso, para que se entenda melhor o que expusemos neste volume, faremos um pequeno apanhado de tudo o que aconteceu na humanidade.

DEUS CRIOU LIVRE O SER HUMANO, MOSTRANDO OS DITAMES DAS LEIS UNIVERSAIS – REINO HOMINAL.

Voltando ao início dos tempos, imaginemos que, ao criar o mundo, Deus havia feito surgir os animais irracionais, que regiam sua vida de acordo com o instinto que Deus criou, programando tudo aquilo que fariam. Por isso, como disse anteriormente, os animais podem, e devem, evoluir sim, mas não mental e conscientemente.

Suponhamos que Deus não tenha ficado muito satisfeito com os animais irracionais, porque eles faziam aquilo que o Criador mandava. Resolveu Ele, então, criar o ser humano, mas em condições totalmente diferentes, dotando-o de excepcionais qualidades. Ou seja, segundo Raumsol, Deus criou o reino hominal. Quer dizer, além do reino vegetal, mineral e animal, concluiu que existia um outro reino, o dos homens, inteligentes e conscientes, capazes de escolher livremente os seus passos negativos ou superiores, para aproximá-lo do Criador.

Concluiu que o ser humano deveria conhecer, de forma consciente, toda a sabedoria de Deus, para, depois, amá-lo profundamente, como expressão do seu sentir interno. De igual forma, entendeu que ele precisava ter o direito de concretizar a verdade, como também, da faculdade de errar. Dotou-o de todas as condições mentais, sensíveis, com inteligência brilhante, com sensibilidade fantástica e também com uma consciência capaz de compreender o que era a verdade e o que era a mentira.

E compreendeu também, que o ser humano precisaria viver na Terra através dos tempos, e por isso Deus criou um espírito que ficaria incumbido dessa grande missão, conectando-o diretamente com Ele.

Entendeu que o homem teria basicamente de viver junto aos animais e enfrentando os gravíssimos problemas que certamente ocorreriam com ele. Por isso, dotou-o com o chamado instinto humano, sobre o qual falaremos mais tarde. E concluiu, basicamente, que o homem viveria na Terra com duas grandes opções: de um lado, utilizando a mente inferior, baseada no instinto de preservação e, de outro, com a mente superior, criando condições para evoluir de forma consciente para aproximar-se do Criador. Mas, de outra forma, Deus interviria em tudo na vida do ser humano, exceto no seu poder de escolha.

O direito de escolher, ou melhor, o direito de optar pelos seus atos foi, sem dúvida, a maior força que o homem recebeu de Deus, pois, se escolhesse favoravelmente teria um mundo muito melhor; se optasse negativamente, como ocorreu, o mundo se transformaria num inferno.

Isto posto, segundo as leis universais, se o homem concretizasse a verdade, ele evoluiria; se errasse, sua evolução estagnaria ou regrediria. Em outras palavras, nesse particular, Deus concedeu plena liberdade ao ser humano.

Resumindo, todos os problemas do mundo atualmente foram causados pelas escolhas equivocadas do ser humano, em outras palavras: exclusivamente, por sua própria culpa.

O PODER DAS CRENÇAS

Crer é acreditar naquilo que determinadas pessoas dizem que representaria a verdade sem qualquer comprovação prévia. E muitos a aceitam de modo infinito. Dessa forma, inocentemente, passam a reger os atos das suas vidas de acordo com as regras então oferecidas. Consequentemente, nunca saberá se está do lado da verdade ou não. Mesmo porque, todos podem estar tremendamente enganados.

Porém, ao nos perguntarmos sobre qual a diferença que existe entre o ato de crer e o de pensar, temos de refletir antes de responder. No ato de crer, firmamos a convicção de que corresponde à verdade, embora não tenhamos qualquer comprovação a respeito. Quanto ao ato de pensar, sabemos que, embora nossa mente possa equivocar-se com alguma frequência, podemos comprovar tudo aquilo que nos é ensinado.

Todas as crenças nos conduzem a um mundo sem qualquer segurança, a um mundo que ninguém conhece, apesar de apregoar-se tantas maravilhas que, efetivamente, não existem. Seu objetivo é nos salvar do mundo de perdição onde nos encontramos. Quer nos levar para o céu, para o paraíso, quer perdoar nossos pecados, pretende nos redimir. Todas as crenças criam dentro de cada um de nós um terrível temor a Deus, a quem deveríamos amar. Pois, se não agirmos dessa forma, iremos para um tétrico inferno.

O ato de pensar tem nos levado a construir aquilo que chamamos de Ciência, que tantas descobertas e invenções têm possibilitado aos seres humanos.

Temos de entender que existem duas formas de pensar: uma, a que se refere ao mundo físico, e que nos leva a lutar para sobreviver, para obter alimentos, para nos salvaguardar dos riscos que existem, para combater as doenças que aparecem, ou para nos educar para compreender os problemas da vida. De alguma forma, tudo isso é oriundo do uso da mente inferior ou comum. Ou melhor dizendo, refere-se à sobrevida dos seres humanos. É o que chamaria de pequeno mundo dos homens.

A outra forma de pensar, a superior, a de natureza espiritual, é a que leva o ser humano a buscar o seu Criador, a Deus, conhecendo, de forma consciente, toda a beleza da criação e sua imensa sabedoria.

Conseguiremos isso quando aumentarmos a nossa capacidade de concretização, fazendo evoluir a consciência. Tudo aquilo que evolui, teoricamente, estará de acordo com as leis universais. E tudo aquilo que fica inerte representa, de alguma forma, as forças das crenças.

Quantas constituições legais de tantos países, consideradas cartas magnas, tantas leis criadas por deputados e senadores, pessoas que supostamente deveriam ser da melhor qualidade mental e moral, não perduram, como comprovado na prática no mundo inteiro, porque se tornam injustas. Contudo, a expectativa é que subsistam, quanto às leis mais longas, duzentos a trezentos anos, como no caso da primeira constituição americana. Os softwares usados nos microcomputadores precisam ser atualizados de forma constante, para que se tornem mais velozes e eficazes, porque se utilizarmos as mais antiquadas tomaremos muito tempo e ficaremos obsoletos.

As barbaridades que a humanidade tem promovido, com tantas guerras, grande parte delas inexplicáveis, que mataram, somente no século XX, mais de cem milhões de pessoas, não tornam claras as razões desses equívocos? Sem dúvida, as grandes crenças representam uma das principais causas do atraso pelo qual o mundo passa atualmente.

Nós temos hoje, ao que tudo indica, mais de 98%, no mundo inteiro, de indivíduos altamente crentes. Enquanto tais crenças não forem substituídas pelo pensar sensato dos seres humanos, os problemas não se resolverão.

O INSTINTO HUMANO

O instinto humano foi criado por Deus para que o homem pudesse se defender dos grandes problemas. No entanto, em momentos complexos, o instinto leva o ser humano, ao desespero, a não pensar e a reagir em grandes proporções.

Como disse anteriormente, quando o ser humano tem de escolher entre fazer tudo ou não fazer nada, ele segue o caminho mais fácil, o de nada fazer, porque sua imaginação lhe diz que se não fizer nada ele irá para o céu, e tudo ficará róseo em sua vida. No exemplo citado anteriormente, de um rapaz de 15 anos que precisa decidir sobre o futuro, a partir de duas opções: não fazer nada ou estudar. Se não fizer nada, dez anos depois ele provavelmente será apenas um operário, nada mais. Talvez muito bom, mas incapaz de entender os mecanismos da vida universal. Se, no entanto, tivesse estudado, entendido os conhecimentos dados por seus professores ou nos livros que teve de ler, ele seria, lá pelos seus 25 anos, um bom médico, um bom advogado, um bom engenheiro, etc.

Outro dia, perguntei a um médico cardiologista se ele achava que teria valido a pena estudar, ao que me respondeu positivamente, de modo categórico. Ao perguntar, então, sobre o que lhe teria acontecido se não tivesse estudado, demorou um pouco para me dizer que muito possivelmente seria hoje um operário. Ao perguntar-lhe quanto ganharia como operário, ele disse que talvez recebesse cerca de 5% dos seus atuais rendimentos. Compreendeu que pelo fato de ter estudado, ele ganha, como médico, 95% a mais que um operário.

É preciso entender que o ser humano pode pressentir os riscos. Quer dizer, muitas vezes, ele nem o sabe, mas essa desorientação imediatamente aflorano seu instinto, que não o deixa ver, pois o homem simplesmente perde a capacidade de pensar e reage de forma animal.

Tudo isso comprova, de forma matemática, que o ser humano tem, como dito anteriormente, duas chamadas “vontades”.

A primeira, que deveria vir do seu espírito, que representa aquilo que ele realmente pretendia realizar. Ele, então, seria responsável por seus atos porque os mesmos foram gerados pela própria vontade.

A outra, que já tratamos e que chamamos de inferior, comum, ou, mais do que isso, de instintiva, tem por objetivo preservar as necessidades para sua sobrevivência. No entanto, trata-se de uma vontade outorgada pelo Criador para que o homem possa se preservar frente às grandes vicissitudes da vida.

Melhor dizendo, entendo, preliminarmente, que a segunda vontade não é responsável por muitos dos seus atos. Afora alguns casos, a partir desse conceito, muitos dos que estão hoje presos poderiam ser inocentados.

Em resumo, quase todos os problemas atuais do mundo foram provocados pela força do instinto humano descontrolado.

ATOS RADICAIS PROVOCADOS PELAS “FORÇAS OCULTAS”

Em 1962, discutia-se se os EUA deveriam entrar efetivamente na guerra do Vietnã, o que era fortemente questionado pelo presidente Kennedy. Muitos dos militares e, sobretudo, dos grandes fabricantes de armas e equipamentos bélicos sentiram que aquele presidente obstinaria tenazmente em participar diretamente daquela guerra. Porque o mesmo havia participado da Segunda Guerra Mundial, na qual presenciou muito de seus amigos serem mortos, tendo voltado, ele próprio, bastante ferido. Um conflito em que mais de 50 milhões de vidas foram perdidas. E sabia que muitas guerras poderiam ser evitadas se houvesse um pouco mais de compreensão humana.

Dizem que foram os militares e os industriais do segmento bélico que resolveram matar o presidente Kennedy. Dessa forma, ingressaram naquela terrível guerra, que se prorrogou por muitos anos e consumiu centenas de bilhões de dólares, deixando milhões de vietnamitas e americanos mortos e centenas de milhares deles feridos gravemente.

De igual forma, ocorreu com o drama de 11 de Setembro de 2001, em que determinados extremistas estrangeiros teriam sequestrado quatro aviões comerciais, repletos de passageiros, jogando dois deles em cima das torres gêmeas do edifício The World Trade Center, derrubando-as com a morte de cerca de três mil pessoas; um outro avião foi jogado em cima do Pentágono e, especula-se sobre um quarto avião, que, embora não se tenha notícia, talvez tenha sido derrubado pelo exército americano. Ficou no mundo inteiro a ideia de que aqueles dramas foram provocados por terroristas. Contudo, tudo indica que provavelmente tenham sido provocados pelos grandes capitalistas e outros grandes interessados na venda de equipamentos destinados às guerras, tendo sido promovidas posteriormente a guerra no Afeganistão, outra no Iraque e, recentemente, vivemos a expectativa de mais um conflito no Irã, contrariando todas muitas das verificações feitas pelos representantes da ONU e outros órgãos especializados.

Há que se lembrar que, em 2001, o mundo estava se enquadrando em tempos de paz, em que os equipamentos destinados à guerra, estavam com tendência de estancar sua produção e de diminuir bruscamente. Isso poderia levar tais empresas à falência e ao desemprego de milhões de pessoas. Quer dizer, tudo indica que tais atos possam ter sido tomados pelos chamados capitalistas, no que denominamos de “forças ocultas”, em que atos violentos são realizados sem que ninguém saiba quem são os seus autores.

Como está comprovado pelos dados fornecidos pela ONU e por renomados institutos de pesquisa, hoje em dia se gasta anualmente mais de um trilhão de dólares na compra de armas pelo mundo inteiro.

Na realidade, fatos semelhantes ocorreram em épocas recentes. Por exemplo, os chamados nazistas tinham um preconceito horrível contra os judeus, porque achavam que esse povo, que havia sido expulso de sua terra e que lutava bravamente por se considerarem escolhidos por Deus, aspiravam ser os mais inteligentes, os mais ricos e os mais artísticos do mundo, desenvolvendo aquilo que chamamos de “exclusivismo judaico”.

De outro lado, cabe esclarecer que o povo alemão era altamente técnico e muito interessante, ingressando muito nas áreas artísticas. No entanto, como se sabe, havia naquele período uma grande fome em toda a Alemanha, que durou por muitos e muitos anos. O número de desempregados que existia no país, antes da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, era impressionante. O problema da delimitação de filhos era algo imposto pelas crenças religiosas. O objetivo dos governantes era arranjar alimentos e habitação para eles, mas isso se tornava cada vez mais difícil. Dentre os muitos industriais e comerciantes que se estabeleceram então, havia também muitos judeus, os quais, utilizando o “exclusivismo judaico”, foram difíceis com os alemães, surgindo então um gravíssimo preconceito, que veio a se tornar, com as obras de Hitler e seus principais assessores, numa maldade de natureza nacional. Foram mortos mais de seis milhões de judeus, das formas mais cruéis que se possa imaginar, totalmente inocentes. Isso, na realidade, transformou-se numa grande mancha negra dentro da Alemanha desde então. Pois, ninguém consegue acreditar em tudo aquilo que sucedeu.

Fica evidente como as forças ocultas vêm atuando, de alguma forma, criando tantos problemas que afligem a humanidade atualmente. Como se sabe, os preconceitos se formam primeiramente por pequenos aborrecimentos que, depois, se transformam em guerras sangrentas.

TANTOS OUTROS PROBLEMAS PROVOCADOS PELAS GRANDES CRENÇAS – FALTA DE PLANEJAMENTO FAMILIAR

Dizer, simplesmente, que as grandes crenças são negativas é um argumento frágil. O melhor é apanhar algumas das regras que distinguem determinadas atuações. Por exemplo, as grandes crenças elogiam o nascimento exagerado de filhos. Quer dizer, o nascimento de filhos é sempre um ato positivo, algo que, em princípio, deveríamos estimular. Contudo, se o mundo de hoje está morrendo de fome porque não temos alimentos, emprego, educação adequada para todos, e há ainda a falta de remédios, somos levados a perguntar:

– Até que ponto a teoria de ter mais filhos seria a medida mais adequada?

Em muitos países o número de bandidos, assaltantes e criminosos vem aumentando de forma assustadora. De tal forma que, em muitos bairros, casas e apartamentos estão cercados de muros de metais, exatamente para evitar que eles ingressem, assaltem e matem.

Se compararmos o número de assaltos e crimes que ocorriam algumas dezenas de anos atrás com os de hoje, os números são assustadoramente impressionantes. Um local como o Rio de Janeiro, por exemplo, que sempre foi considerada a “cidade maravilhosa”, tem hoje mais de mil favelas, o que é um absurdo incontrolável. Um grande número de seres humanos nasce no Brasil sem a menor condição de que os seus pais possam lhes possibilitar algum tipo de educação, apesar dos muitos esforços.

O combate policial a essa criminalidade também se mostra totalmente inadequado. Mata-se seres humanos hoje como se fosse a coisa mais normal do mundo, um absurdo inominável. Um exemplo atual dessa barbárie é o ressurgimento dos piratas com ataques cada vez mais violentos aos petroleiros e cargueiros em alto-mar.

No entanto, na maioria dos países não há leis que delimitem o planejamento familiar, porque todos os legisladores, de maneira geral, e os políticos dessas nações são altamente religiosos. Quer dizer, por causa de uma ordem das grandes crenças, nascem seres que não têm a menor condição de serem educados, porque os pais não têm recursos para enviá-los para as escolas, que, na verdade, também são insuficientes.

Efetivamente, a causa maior da falta de planejamento familiar deve-se à ordem das grandes crenças, que elogiam o aumento da natalidade. Portanto, uma grande questão que se apresenta:

–         Pode-se contrariar as regras das grandes crenças que, estranhamente, favorece, cada vez mais, a marginalidade?

Em poucas palavras, se estabelecêssemos um planejamento familiar, o mundo continuaria sendo habitável. Mas, da forma como as coisas estão se encaminhando hoje em dia, a vida virá a ser impossível dentro de alguns anos, quando no Brasil houver cerca de 50 milhões de analfabetos.

ESTATIZAÇÃO E PRIVATIZAÇÃO

Há que se entender, precipuamente, que muitos dos problemas atuais da humanidade eram promovidos pelos homens vinculados à área privada, porque, por exemplo, nas chamadas indústrias, os males que elas provocam são incomensuráveis. Basta ver que, em nome desses interesses, mata-se o presidente dos Estados Unidos, teoricamente o país mais importante do mundo, ou provoca-se a morte de seis milhões de seres humanos sem razões sólidas ou jogam-se bombas atômicas em cidades japonesas…

A acirrada competitividade entre as empresas tornou-se um verdadeiro inferno. O objetivo de uma é produzir mais e melhor do que a outra e obter maior lucratividade. Nesse cenário, os recursos e estratégias utilizados tornaram-se vitais, levando, inclusive, a uma verdadeira guerra suja nos bastidores dos ambientes de negócios, envolvendo os dirigentes em episódios de espionagem industrial e até mesmo de crimes, cometidos secretamente. Os presidentes das grandes empresas, seus diretores e seus funcionários precisam comprovar, em curto prazo, que são melhores que todos os outros, sob o risco de serem demitidos sumariamente. Os técnicos de futebol, como temos visto ultimamente, não podem se dar ao luxo de perder algumas partidas seguidas, porque serão demitidos de forma drástica. Não deixam sequer que eles formem um time com condições de vencer. São pressionados a vencer imediatamente…

Quando qualquer crise abala as empresas, o número de desempregados sobe e o destino de milhares de vidas é decidido numa  reunião de diretoria. De igual forma, são feitas negociações escusas para o desenvolvimento de produtos. Por isso, embora todos condenem os subornos, contrabandos e os atos de politicagem de baixo nível, esses recursos tornam-se cada vez mais banais no ambiente empresarial.

No entanto, existem problemas do chamado funcionalismo público, porque se entendeu que na década de 1940, os serviços públicos protegeriam os capitais investidos e evitariam roubos e outras irregularidades. Para tanto, criou-se aquilo que poderíamos denominar de organização “a mais perfeita possível”. Contudo, surgiram novos problemas, porque, talvez por serem públicos, muitos dos funcionários faziam tudo aquilo que estava predeterminado, porém, em razão da dita organização, os controles de cada ato eram teoricamente fiscalizados. De forma que os trabalhos demoravam tempo demais e não atendiam as necessidades do povo para quem o serviço havia sido criado. Os funcionários iniciavam seu expediente a determinada hora, executavam o que lhes competiam e, quando chegava o final da jornada, iam embora. Não queriam saber se o público estava satisfeito com tal trabalho. Quer dizer, era um trabalho bem organizado, mas que não funcionava de forma satisfatória.

Além disso, como todos sabem, hoje, aqui no Brasil, temos mais de um milhão de funcionários públicos, dos quais cerca de trezentos mil foram nomeados nos últimos anos, além de dobrar o valor dos vencimentos pagos.

Melhor dizendo, um grande número de funcionários realizava o seu trabalho da maneira mais formal possível, porque não havia qualquer recompensa pelos esforços realizados. Pessoalmente, nada tenho contra os funcionários públicos, dos quais a grande maioria é formada por trabalhadores, pessoas excelentes, levadas para uma estrutura bem organizada, mas que, lamentavelmente, não funciona.

De outro lado, estabeleceram-se várias regras rígidas para ingressar no chamado serviço público. Contudo, como os homens são mais inteligentes do que nós supomos, acabam arranjando fórmulas para superar tais regras.

Por exemplo, quando há uma licitação para realizar determinado tipo de trabalho, muitas vezes os competidores, que se conhecem, reúnem-se antes e estabelecem quem irá ganhar aquela licitação. Então, uma daquelas empresas entra com preços um pouco mais baixos e ganha a licitação, porque todas as demais apresentam preços superiores. Na próxima licitação, ganharia uma outra empresa, e isso de forma sucessória, utilizando-se o sistema supra arrolado.

Apesar de não estar muito a par dos detalhes da administração pública, sei que muitas das empresas concorrentes aumentam os preços dos seus serviços de forma a acrescentar 5%, 10%, 20% ou mais. Posteriormente, uma parte do valor excedente é dada, pelos dirigentes da empresa que ganhou tal licitação, a algumas das autoridades públicas, que depositam tal dinheiro, de origem suspeita e de fonte não declarada, nos chamados “paraísos fiscais”.

Como em tantos casos que já tivemos notícia, o dinheiro será depositado numa empresa constituída numa distante terra ou ilha, em que seu nome nem aparecerá, onde funcionam as empresas “off shore”.

No passado, tínhamos, por força de lei, algumas formas de aplicar dinheiro sem saber a quem pertencia, como nas compras de ações ao portador, de sociedades ditas anônimas. Muitos aplicavam assim o dinheiro sem origem adequada. Hoje, muitas fortunas são guardadas em empresas denominadas “off shore”, em que os nomes dos seus titulares nem aparecem, exatamente, para dar chance a tais negócios ilícitos.

Quantos negócios escusos ocorrem nos dias atuais, em que se “naufragam” navios para receberem os prêmios das companhias de seguros. Ou seja, alteram-se os nomes das embarcações e as registram numa empresa “off shore”.

Muitos negócios gigantescos normais são realizados a partir de empresas do sistema “off shore”. Criar dez ou vinte empresas “off shore” é a coisa mais fácil de se realizar. Depois, se brinca quanto ao capital de cada uma delas, que nunca aparecerá, pois não existe qualquer tipo de controle bancário. É claro que, em muitos países, procura-se evitar que tal tipo de empresa ingresse, mas isso demonstrará, por outro lado, que muitos diversos negócios importantes não poderão acontecer, o que seria lamentável, sob tantos pontos de vista.

Atualmente, vários negócios são feitos por meio do sistema “off shore”, visando-se fugir das mil exigências fiscais e administrativas, que existem normalmente nos países, para realizar obras, tudo isso, dentro das linhas legais.

No Brasil todos os pedidos são transformados em processos, que são encaminhados a uma série de órgãos, onde quase tudo está mais ou menos catalogado. Geralmente, cria-se uma ou mais dificuldades. Cada vez surgem novas questões para se cumprir, desde que pareçam razoáveis, ou se dá uma nova redação às exigências feitas, para destacar aspectos importantes. De forma que, andando de um lado para o outro, os processos vão se arrastando, levando um tempo indeterminado, por vezes, de vários anos, até chegar a uma conclusão final.

Enfim, os chamados serviços públicos representam o que existe de pior nas organizações, embora os funcionários públicos nada tenham a ver diretamente com tudo isso.

NEM SEMPRE OS QUE PROVOCAM AS GUERRAS SÃO VILÕES

Interessante é reparar que muitos jovens do mundo inteiro, gente da melhor qualidade moral, fazem cursos universitários e se formam, por exemplo, em engenharia, e. depois de lutarem muito e provarem que são excelentes, vão subindo dentro de uma empresa, de forma que depois de alguns anos vêm a ser chefes de seção ou de departamentos e, mais tarde, assumem cargos de diretores. Alguns chegam à presidência daquelas empresas. Contudo, àempresa em que inicialmente ingressou vem a juntar-se com outra organização. E aquilo que era inicialmente uma fábrica de computadores simples passa a ser uma fabricação de computadores de alta precisão. Posteriormente, a empresa é chamada pelas forças de segurança do país  para fornecer equipamentos que serão utilizados em trabalhos de espionagem contra outras nações. Quer dizer, por força das circunstâncias, aquele bom engenheiro, que se formou anos atrás e nunca quis fazer mal a ninguém, acabou se tornando presidente de uma empresa que fornece equipamentos para a guerra.

Dessa forma, ele seguirá as regras impostas naquela organização. Ele sabe que, graças a sua sagacidade, conseguirá um melhor desempenho. Porém, agora, ele pressente que poderá perder o alto salário que recebe, ou ser demitido, se não manter o patamar de crescimento. Contudo, ele raciocina que, pela previsão de vendas futuras de seus equipamentos, tudo indica que os índices estão aplainando, o que significa uma forte tendência de queda. Porque os países estão se lançando numa era de paz. De outro lado, ele sabe que tem de tomar alguma providência para mudar a curva descendente daqueles índices de tendências, porque, a permanecer assim, sua empresa, ao que tudo indica, irá à falência. Segundo os acionistas, se ele não conseguir vender como se espera, será preciso arranjar outro presidente, que saiba fazê-lo. Nesse ponto, a questão se torna desesperadora.

Inicialmente, pensa em fabricar outros produtos. Mas, conclui que isso não passaria de no máximo 20% de sua capacidade produtiva, o que representa problemas quanto ao futuro da empresa. São promovidas reuniões junto a associações de empresas que fabricam produtos similares, sem se chegar a uma conclusão. O nosso presidente de empresa resolve, então, chamar os“estrategistas”, profissionais que treinados para analisar problemas. Esses chegam, ouvem presidentes de várias empresas e chegam a uma solução para o caso. Afirmam que substituir a produção por novos equipamentos é totalmente impossível, em face do profundo conhecimento, das longaspesquisas, além da histórica tradição que tal novo posicionamento de mercado exige, com tecnologia de ponta. Por isso, a solução é vender mais os mesmos equipamentos, cada vez mais aperfeiçoados. Mas, ao serem indagados sobre como isso ocorreria, os estrategistas respondem:

– Fácil! Provocando uma revolução, ou promovendo uma guerra. Ninguém precisa saber disso, se vocês forem capazes de aprovar, nós providenciaremos tudo.

E, como dito antes, um estrategista apanha um mapa mundial e aponta países muito pobres, onde as religiões demarcam sua conduta.

– Como vocês sabem, nos países altamente religiosos procura-se preservar as imagens, as crenças e os valores daquela cultura, de forma que estariam em busca do lado superior dos seres humanos, contrariamente aos capitalistas, que estariam em busca do luxo, das mulheres, do álcool, dos jogos e de tantos gastos supérfluos.

E, depois, continua a análise:

– Segundo a visão deles, o regime capitalista está cheio de defeitos, representando uma nova Sodoma e Gomorra. Eles não entendem porque os capitalistas vivem tão afoitamente, em busca de mais e mais dinheiro, esquecendo o lado bom que todo ser humano deveria procurar. Todos sabem que os capitalistas estão sempre em busca de mais petróleo, de mais alimentos, de mais remédios que se acostumaram a viver em alto luxo. Por isso, senhores, hoje em dia, muitos daqueles residentes naqueles países são contra o regime capitalista por causa dos seus excessos negativos. Então, o trabalho desses líderes deveria ser mais prestigiado, de todas as formas possíveis, inclusive com ajuda em dinheiro, em propaganda e até com o empréstimo de armas. E se houver grupos dissidentes dentro da mesma terra isso pode virar uma boa revolução, o que significará a venda de equipamentos de guerra. Se essas dissensões forem entre países, isso poderá se transformar em uma guerra, o que será ótimo para essas empresas sobreviverem. Portanto, concluindo, tudo isso poderá ser transformado por nós, estrategistas, desde que vocês paguem os valores indispensáveis.

Em outras palavras, como especificado no título deste capítulo, nem sempre as guerras são provocadas por vilões, mas, muitas vezes, por engenheiros que nunca quiseram ferir ninguém.

X

CABE AO HOMEM, O CAUSADOR, A CORREÇÃO DOS GRANDES PROBLEMAS DA HUMANIDADE ATUAL

concluí recentemente que a causa do grande mal de que padece a humanidade está em nossa vida, em cada ato que realizamos. Quer dizer, toda vez que vamos fazer alguma coisa, aparece-nos a hipótese aventada. Temos, basicamente, sempre duas opções básicas: a de fazer de fazer aquilo que é ideal. Se tomarmos o nosso corpo como exemplo, a escolha por mantê-lo bem e saudável, envolve a prática de esportes. A partir desse hábito, iremos emagrecer e ter os órgãos fortes. Teremos, com o tempo, com uma boa revisão médica, uma saúde perfeita. Se nada fizermos, provavelmente, ficaremos doentes e morreremos mais depressa.

Igualmente, se formos estudar determinada matéria, temos a opção de tentar ir às escolas, aprender as lições dos professores, adquirir e ler os livros, comprar cadernos, pesquisar, conversar com as pessoas envolvidas, tentar descobrir tudo que existe a respeito, gastando uma fortuna em dinheiro, tempo e muitos esforços. Vamos tentar transformar aqueles ensinamentos em nossos conhecimentos, o que aprenderemos à medida que tentarmos concretizar na prática cada coisa. No entanto, depois de algum tempo, seremos especialistas naquele assunto.

A outra opção é não fazermos nada, o que será simples. Quer dizer, representa simplesmente não fazer aquilo que deveria ser feito. Tudo se tornaria fácil, mas sabemos que é uma solução altamente perigosa, pois, desse modo, não iremos evoluir ou evoluiremos lentamente.

Dessa problemática, surgem várias consequências. Em primeiro lugar, essa última opção nos leva às grandes crenças e a sermos tomados pelo nosso instinto. E quando caímos no desespero, somos levados a não pensar e a agir com alta violência. Queremos ir em busca de Deus, mas isso será quase impossível, pois iremos ficar inertes, não saberemos onde estaremos. E o pior ainda, isso nos levará ao fanatismo, ao terrorismo, ao radicalismo. E faremos tudo que o ser humano, normalmente, não faria.

De forma que o comando não será nosso, mas sim do instinto, que foi criado por Deus para nos proteger aqui na terra, contra as vicissitudes que sempre existirão.

Consequentemente, iremos ainda matar muitos outros seres. Como foram mortos mais de 100 milhões de seres no último século, sem razões sólidas. Iremos jogar bombas atômicas em cidades, ou matar mais de seis milhões de judeus, ou repetindo 60 milhões de seres, como ocorreu na Segunda GuerraMundialE tantas outras mortes, em tantas guerras, geradas pela força das ideologias dominantes, ou pelas mãos das máfias existentes ou por tantos atos de terror existentes no mundo atual, muitas vezes com fins comerciais ou industriais. Quantos males são cometidos pelos homens, muitos deles,oriundos de causas que não podem ser reveladas, representando aquilo que denominamos de forças ocultas.

Muitos enganos terríveis ocorrem no mundo de hoje, como a falta de uma política de planejamento familiar, má administração, tanto nos serviços públicos quanto nos privados. Como dito antes, muitos dos males não são causados de modo intencional, mas pela força das circunstâncias ou em razão da inconsciência dos homens. Nem sempre, como já dissemos, os homens que nos fazem o mal podem ser consideradas, em essência, pessoas más.

Por que temos tantas revoluções e guerras, matando seres inocentes? Por que temos tantos reis e imperadores e seres nobres, prestigiando o preconceito da chamada nobreza? Por que temos tantos ditadores, que acham que seus entendimentos são os melhores que existem e que são impostos ao povo, independentemente se os aceitam ou não? Por que o voto, criado no passado como instrumento da democracia, não está mais valendo e sim servindo para ampliar os atuais problemas da humanidade, uma vez que a verdadeira vontade de cada ser humano não é mais respeitada? Por que tantos desempregos e tanta fome, provavelmente porque não foram educados para atuar de forma inteligente? Por que existem tantos doentes que não podem consultar um bom médico e, além disso, ter condições de comprar remédios, morrendo por essa causa? Por que tantos assassinos que executam tantos seres humanos, de modo tão banal, coisa que não ocorria em tempos passados? Por que será que não podemos ir buscar o que é autêntico e verdadeiro e deixar de atender a tantas exigências fúteis, que nada representam para nossas vidas? Por que, enfim, existem tantos problemas, que não conseguimos sequer especificar, e que causam tantas consequências negativas no mundo de hoje?

Esqueceram que as leis feitas pelos homens, representando o direito, na sua grande maioria, não devem ter longa duração, necessitando que sejam substituídas por outras, de acordo com a realidade que se vive sob o risco de tornarem-se obsoletas e promoverem a injustiça. Só as leis universais é que têm vigência absoluta em qualquer tempo.

O que fazer para mudar tudo isso? O homem poderá ser agente dessa mudança, desde que ele tome consciência dos problemas mentais e sensíveis da vida e dos grandes objetivos que Deus lhe confiou. Os problemas são grandes? Sim, são gigantescos. Mas não há nada melhor do que combater o mal, como esse que agora está sendo cada vez mais disseminado pelo mundo. Os homens poderão promover muitos males contra a humanidade e até mesmo acabar com o planeta, se, por exemplo, deixarem todas as bombas atômicas explodirem, já que elas chegam hoje a milhares de unidades espalhadas por todo o mundo.

O ser humano tem de lutar para que seus verdadeiros valores apareçam e passem a reinar sobre a terra dos homens. Porque, como temos muitas provas à disposição de todos, o ser humano é extremamente capaz, tanto assim, que construiu, com sua ciência, um maravilhoso mundo, permitindo-nos ir à Lua anos atrás, dominar os espaços aéreos e espaciais, conhecer a estrutura do DNA, desenvolver telefones celulares, a internet, a televisão, que nos mostram qualquer parte do mundo atual. O que se pergunta, finalmente, é por que persistir no erro que está tão evidente para todos nós? Porque sabemos que tudo isto é fruto da nossa liberdade de escolher o nosso futuro.

Outra questão essencial, que temos de levar em conta, é que o ser humano foi constituído para alcançar a Deus, ao Criador. Para isso, ele tem de conhecer, de forma consciente, toda a verdade contida na sabedoria divina, expressa na criação. À medida que o homem descobrir toda essa grandiosa beleza, passará a amar ao seu Criador, com todas as suas forças. Por isso, ele precisa evoluir, cada vez mais, tem de seguir as leis universais, fazer as escolhas acertadas. E não errar e criar a falta de liberdade que encontramos no mundo atual.

Temos, na verdade, de evoluir de forma consciente, na medida do possível, e não de forma inconsciente. Temos de promover, cada vez mais, a evolução da nossa sensibilidade, da nossa consciência, do nosso espírito. E, ao nos esforçarmos para evoluir, iremos construir um ser humano mais integral, mais sensato, mais produtivo, e mais próximo do que Deus sempre esperou.

Enfim, como dito várias vezes, os grandes problemas atuais da humanidade se devem aos próprios seres humanos.

FIM

Bibliografia

  • Servan-Schreiber, Jean-Jacques.Desafio Mundial, 3ª edição. Ed. Nova Fronteira. 1980.
  • Servan-Schreiber, Jean-Jacques.Desafio Americano,2ª edição. Ed. Expressão e Cultura. 1968.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.Intermédio Logosófico,3ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 2003.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.Introdução ao Conhecimento Logosófico,2ª edição. Editora Logosófica. São Paulo.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.Diálogos, 4ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 2006.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.Exegése Logosófica, 10ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 2006.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.O Mecanismo da Vida Consciente,14ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 2007.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.A Herança de SiMesmo,7ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 2007.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.Logosofia, Ciência e Método,11ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 2003.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.O Senhor de Sándara, 8ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 2009.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.Deficiências e Propensões do Ser Humano, 11ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 2005.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.Curso de Iniciação Logosófica,18ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 2007.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.Bases para Tua Conduta, 18ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 2006.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.O Espírito, 6ª edição. Editora Logosófica. São Paulo. 2003.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.Coleção da Revista Logosófica – Tomo I1ª edição. Editora Logosófica. São Paulo, 1980.
  • Pecotche, Carlos Bernardo González.Coleção da RevistaLogosófica – Tomo II.1ª edição. Editora Logosófica. SãoPaulo, 2005.

Capa externa final

Cabe bem aquele relato ocorrido no passado, quando um bandeirante apareceu no Brasil e quis saber de onde os índios extraíam o ouro que utilizavam. Tentou sabê-lo de todas as formas, mas eles não concordaram em mostrar-lhe o local das minas. O bandeirante, então, pensou a respeito e resolveu utilizar um truque, o qual os índios desconheciam. Colocou um pouco de álcool num prato, dizendo ser água, e ateou fogo nele. Ao acender, demonstrou para os índios que os bandeirantes poderiam colocar fogo em toda a água existente. Em face de tamanha “magia” daquele bandeirante, os índios revelaram onde se encontravam as minas daquele tão desejado ouro.

Em outras palavras, os bandeirantes enganaram os índios, ao fingirem que tinham o poder de colocar fogo na água, quando, na verdade, era efetivamente sobre o álcool. Para os índios, parecia ser uma grande verdade. Pois bem, esse mesmo princípio, que funcionou com os índios naquele passado do Brasil, continua sendo aplicado, nos dias de hoje, junto aos homens crentes.

Por absurdo que possa parecer, os seres humanos do mundo contemporâneo podem ser comparados àqueles índios do nosso passado, que foram enganados com um simples truque, como o do fogo ateado naquela suposta água…

 

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